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sexta-feira, outubro 31, 2003

Curiosidades Sino-Lusas 

O terceiro maior rio do mundo, o Yangtsé, na China, vai ver interrompida a sua incessante corrida para o mar, ao longo de uns infinitos 6500 Km., pelo maior dique do mundo que constituirá uma gigantesca barragem hidroeléctrica. Ficará localizada nas Três Gargantas , mais precisamente na terceira, Xiling. É considerado, após a construção da Grande Muralha, como o maior projecto chinês. De facto lá chegaram a trabalhar mais de 25 mil trabalhadores, em simultâneo. A rocha extraída para a sua construção dava para construir mais de 40 grandes pirâmides do Egipto, ou, numa comparação mais updated, 100 arranha-céus iguais ao Empire State Building - inimaginável!
Cá por terras de Viriato, somos mais modestos. Mas diga-se, que o nosso mega projecto, o Alqueva, constituirá o maior lago artificial da Europa com uns 250 Km2 de albufeira enquanto a barragem do rio Yangtsé, põe-nos os olhos em bico com uns inultrapassáveis 1.084 Km2. O que se traduz num armazenamento de água de, respectivamente, 4.150 hm3 e 39.300 milhões hm3. As desigualdades esbatem-se no que concerne à altura e à cota das albufeiras: para as Três Gargantas : 185 metros de altura e uma cota de 175 contra uns notáveis 96 metros de altura e 152 metros do nível pleno de armazenamento para a barragem do Guadiana. Para isto ser possível utilizaram-se na China 463.000 toneladas de aço e 27,9 milhões de m3 de betão. Na Lusa barragem, 1,1 milhões de m3 de betão e 20.000 toneladas de aço. Tudo isto se traduz numa capacidade de 22.400 megawatts nas míticas gargantas e 240 megawatts para o rio do Pulo do Lobo. Ou seja, respectivamente, uma potência de 84,7 TW e 350 GW.
Os custos são astronómicos. Veja-se que o Alqueva custa 433,2 milhões de contos (o que já seria dificilmente suportável por Champallimaud) e as Três gargantas ascendem a uns 24.650 milhões de contos dignos de um Bill Gates.
Sem dúvida, as proporções são gigantescas, em ambos - não se deve tratar de igual forma o que é diferente. Bem como os problemas que levantam a nível social e do meio ambiente.
São projectos estruturantes da região onde se implantam, em cada um dos seus países, com consequências eminentemente nacionais.
Cada projecto na sua dimensão, constitui um desafio vencido, um sonho alcançado.
Portugal e China... tão longe e tão perto.

A Máscara 

O putativo blog O Vilacondense, não aceitou o repto do Glosas, o que, de resto, se adivinhava...! O seu desiderato é o anonimato e porventura daí retirar os seus frutos. A propósito convirá aqui convocar e invocar os sábios e avisados alertas do ilustríssimo companheiro Abrupto, àcerca do já extinto Muito Mentiroso, que, estou certo, todos nós nos recordamos.
Contudo valerá referir a escolha - alvíssaras pelo surpreendente bom gosto - desse poema maior regiano, avocado pelo Sr. Dupont - que, diga-se, nos pareceu algo irritado e sobranceiro. O poema, dizia, contém uma visão do Mundo, grandiosa. Propõe-nos como desafio, o Infinito. E, como imperativo categórico, como condição intrínseca para alcançá-lo - se é que possível - o assumirmos a nossa individualidade. Sem tibiezas, sem reservas mentais ou outras fraquezas quejandas. Sem ínvios intuitos!!!
Como Régio "Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí..."
, pela sorrateira, tenebrosa e fria descida aos abismos da PALAVRA sem rosto, sem coração...sem alma!!! Incógnita. Oculta. Dissimulada.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Poemas - definições perfeitas 

NEVOEIRO

"Nem rei nem lei, nem paz nem guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro

É a Hora!"


Fernando Pessoa in Mensagem

De facto, quem não se reconhece na clarividência profética das palavras de Pessoa.
A verdadeira angústia do país não é saber que caminhos trilha. É a incerteza. A dúvida. O nevoeiro. Uma constante incógnita daquilo que somos e para onde vamos. O que, se por um lado, é certo, são os sinais do tempo, por outro, a angústia em que mergulhamos tem raízes bem mais fundas. É um certo Portugal que se desvanece, uma consciência nacional que se mimetiza com o Mundo. É um período de lapidares interrogações... sem resposta!!!
Magistralmente Pessoa demonstra-o. Por isso o cito, pois tenho para mim que os poetas são os verdadeiros intérpretes da realidade.

Agradecimento II 

O Vilacondense refere a chegada à  blogosfera do Glosas, o qual, desde já agradece. Regista-se, no entanto, uma inaudita e parcimoniosa dupla assinatura do post pelos presumí­veis "Hergenianos" - perdoe-se o neologismo - Dupond e Dupont, a que o Glosas não pode ficar indiferente. Desde já, muito obrigado.
Porém, não podemos deixar de notar a curiosidade àcerca de "quem se esconde atrás destas letras..." dbm. Diga-se, pois, que ao contrário de Dupont e Dupond, dbm não se escuda no anonimato. Se não é manifesto, é, pelo menos, perfeitamente identificável.
A este Vilacondense, seguramente bicéfalo, apetece dizer, como já alguém ouviu num congresso do PP : eu sei que sabe(m) que eu não sei quem é(são). É o refúgio no incógnito. São todos e não são ninguém.
Por isso, assumam-se!!!

quarta-feira, outubro 29, 2003

Agradecimento I 

Lapisdecor: é reconhecidamente que agradeço o post em que me refere de forma tão elogiosa e genuína. Aqui se regista e retribui o gesto.
Desnecessário será referir que o Glosas é um leitor assíduo e atento da oportunidade e versatilidade do Lapisdecor.
Muito obrigado.

terça-feira, outubro 28, 2003


A inquietude do Presidente 

A entrevista do Presidente da República: nervosa, voluntariosa, ansiosa, inquieta.
O Presidente se por um lado apelava à serenidade civil, paradoxalmente, assumiu uma postura quase agressiva, demonstrando uma vontade de tornear o inevitável, o affaire Casa Pia.
É indesmentível que o tema é pernicioso, perverso até, em termos dos reflexos que projecta no animus da nação. Mas é de tal forma pungente que o entrevistado não deveria demonstrar, ostensivamente, que pretendia arredá-lo. É que a sua intencionalidade didáctica poderá ser mal interpretada. Com a sua atitude poderá fazer pressupor que o terreno em que se move, lhe é movediço. Pouco seguro. Deveria ter assumido uma postura mais frontal, de maior transparência.
De resto, o triunvirato jornalístico que emoldurava o senador, obrigou-o a demonstrar o seu pouco à vontade. Toada que se manteve por toda a entrevista, mais em esforço do que em jeito, marcada pelo estilo do subterfúgio, e não o do esclarecimento.
A degustação da entrevista, é fortemente adstrigente, com um leve bouquet a desconfiança.
Impunha-se um Presidente mais literal, mais claro, que aplacasse as ansiedades de um país à espera. À espera de uma centelha de esperança. E de amor próprio.

segunda-feira, outubro 27, 2003

Apresentação 

Porquê o nome Glosas ?
Na sua génese, glosas, era a expressão que designava os comentários que eram escritos nas margens dos livros. Na verdade, na Idade Média, na Europa, houve uma escola jurídica, que se dedicava ao estudo das obras do Direito, e que, precisamente, fixava as suas opiniões na margens dos grandes clássicos. Tendo, pois, ficado conhecida como a escola dos Glosadores.
Ora, como a blogosfera se presta de forma paradigmática à divulgação todo o tipo de opiniões, pensamentos, comentários, não poderia surgir nome mais a propósito.
Ao que acresce a identidade onomatopaica com a verbalização da palavra blog.
O objectivo do Glosas?
Para não ser redundante, dir-se-á que o presente blog pretende, tão somente, expressar os gostos, pontos de vistas, ideias, paixões, numa palavra, toda a mundividência do seu autor. Não será um diário, tampouco, um mero registo de opiniões, mas antes um desfiar das mais variadas "impressões" que o mundo lhe desperta. Sem pretensões. De forma escorreita, descomprometida e livre.
E, "last but not least", sempre procurando a discussão de pontos de vista com os seus visitantes e interlocutores.
Benvindo ao blog Glosas!!!
Boas glosas

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