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quinta-feira, maio 27, 2004

Sem palavras... 






O sonho como limite...
Simplesmente..... F...A...B...U...L...O...S...O!!!!!

quarta-feira, maio 26, 2004

Hooligans!!!? 

O CDS/PP secundado pelo PSD propôs uma medida de controlo dos protestos nas galerias parlamentares que transporta para o espaço de São Bento as regras que já se aplicam aos "hooligans" do futebol: identificar os autores dos protestos e impedi-los de voltar a ter acesso às galerias. Porventura, tal medida aparenta uma mera noção de bom senso... mas, bem lá escondido, no seu fundo simbólico, jaz um esgar de totalitarismo primário repugnante. Se por um lado, o parlamento representa todo o povo da nação, e exige um respeito acrescido por parte dos cidadãos; por outro, não é menos certo que o órgão, Assembleia da República, é o legítimo e ínclito depositário dos mais altos valores da nação: Liberdade, Igualdade e Fraternidade - a clássica triologia revolucionária ou do pós 14 de Julho de 1789. Ora, como símbolo maior do estado de direito, em que as liberdades e garantias individuais, como direitos fundamentais constitucionalmente consagrados, são o cerne da democracia representativa, não convence uma medida de carácter tão restritivo. Onde está o princípio da crença na regeneração do indivíduo???
Isto para não já falar, da pouco elevada, triste e fatal comparação, entre o hemiciclo e um estádio de futebol. A fonte de inspiração - a ser a aparentemente veiculada - demonstra como o futebolês domina as próprias instâncias políticas, tendo, até, inquinado o órgão representativo máximo da nação.
A instituição parlamentar, fruto do seu carácter representativo e simbólico - não é de quem lá está mas de quem aí é representado - não se compadece com esta apropriação por parte dos seus elementos formais. O denodo e pudor que qualquer medida legislativa sobre a restrição à liberdade dos cidadãos impõe, deveria ser ainda mais acrescida no caso de se tratar da instituição parlamentar: pelo que simboliza, pelo que representa, pelo que garante!!!

quinta-feira, maio 20, 2004

"Hollywood Ending" 



Há filmes assim... transportam em si muito mais do que um primeiro olhar, à partida prometia. Este é o caso do filme de Woody Allen, Hollywood Ending, que passa hoje na 2. Apesar do título parecer banal, qualquer coisa como "Final Feliz", desde logo o nome do filme sugere um trocadilho com o nome do conhecido realizador (wood Holly/Woody Allen). E, após ver a fita, constata-se que o título está bem para além da sua literalidade, demonstrando ser bem mais sugestivo.
Antes demais atentemos ao argumento, que se descreve em três penadas (avisa-se que se conta a sumula do filme): Val Waxman (interpretado por Woody Allen), um famoso realizador de cinema nova-iorquino, que vive os dias da própria decadência, recebe um convite da sua ex-mulher (Téa Leoni), para a realização de um filme que o poderá levar, de regresso, para as luzes da ribalta. Só que, aquando do início das filmagens fica cego e só recobrará a visão no final das mesmas. Mesmo assim, temerariamente, o filme é produzido e distribuído. O resultado: um desastre. A crítica, americana, impiedosamente, é corrosiva e cáustica. Mas, e há sempre um mas, a crítica transatlântica, nomeadamente a francesa, tece-lhe os mais rasgados elogios. E, de volta para a ex-mulher, partem ambos, apaixonados, para França.
Ora a similitude com o próprio Woody Allen é incontornável em muitos aspectos, mas, de todos, o mais paradigmático é o do realizador ostracisado nos Estados Unidos e idolatrado na Europa.
Contudo, o que é que se retira do final do filme?
Talvez que Woody Allen tenha imenso fair-play ao rir-se de si próprio? Poderá ser. Todavia Woody Allen, culturalmente, é o mais europeu dos americanos, ou não vivesse também ele em Nova Iorque. Daí que, esta leitura por si só, não seja muito plausível.
Simplificando: a ideia final do filme é que na França (sem dúvida tomada como rosto da Europa), aplaude-se um filme realizado por um cego. Ora, bem no fundo, quase deitados no divã do psicanalista - o que não deixa de ser bem Alleniano - temos que os olhos da Europa apreciam um cego americano. Ou seja, um filme realizado por um invisual, ainda que ocasional ou temporário, é, necessariamente, uma captação da realidade totalmente diversa de alguém que realiza vendo, pois só tem a faculdade de usar 4 dos 5 sentidos. E, para todos os efeitos, a Europa consegue ver dentro da cegueira... mas a América não. Quem é o verdadeiro cego, aquele que não vê, ou o que não quer ver?
A crítica implícita, não visa a Europa nem os seus cinéfilos, mas o "showbizz" americano. A indústria de Hollywood é, aqui, o verdadeiro cego. Daí a sentença de Allen: Hollywood Ending – trocadilho de palavras com The End of Hollywood – ou seja, o final de Hollywood.
Parece-nos, pois que a real mensagem do realizador nova-iorquino é : "There’s no business like showbusiness", o lucro, a ditadura das receitas e do gosto do grande público irão, mais tarde ou mais cedo, ser o fim de uma das maiores e mais emblemáticas indústrias americanas.
Woody Allen, muito mais do que nos oferecer um filme, simples mas com um fino sentido de humor, transmite um vaticínio... e deixa-nos, como sempre, a pensar!!!

Parabéns 

Ao Boticário, pelas suas impressões, sempre curiosas, atentas, verdadeiras e nada, mesmo nada, provincianas. Bem haja...!

quarta-feira, maio 19, 2004

De Espanha nem bom vento nem bom...! 



A real boda do país vizinho tem vindo a merecer uma atenção, inaudita, dos "media" nacionais.Os próprios "periodistas" espanhóis não escondem a sua surpresa. E, tal como foi noticiado, Portugal é o segundo país com mais jornalistas credenciados para a cobertura do feliz enlace - 120 ao todo contra 271 da Alemanha. Quer na imprensa escrita e falada, o tema é objecto de um tratamento diário.
Sem dúvida, tão "raro" interesse é desconcertante. Portugal é um país onde o republicanismo militante ainda continua a exercer uma forte influência. Até há bem pouco tempo - mais propriamente até ao casamento do Sr. D. Duarte - ninguém falava do pretendente ao trono português. Quase 800 anos de nacionalidade e de Monarquia, foram esquecidos, não se permitindo o mais leve esgar de saudade pelo regime fundador. Aliás, semelhante pudor em falar do passado monárquico, só o encontrei na Áustria, onde o turismo vive, precisamente, e em boa parte, do "glamour" dos tempos dos Habsburgos - isto para não falar desse ícone maior que é a Imperatriz Isabel, popularizada pelo "petit nom" Sissi. Desde o copo de vidro à esferográfica, não há "souvenir" que se preze que prescinda da sua imagem. Juntamente com Mozart são o "must" do austro-kitsch.
De facto, em Portugal, algo de idêntico se passa. Apesar de vivermos numa República com 93 anos, a nossa alma, ao contrário da espanhola é profundamente monárquica. Em Espanha não há monárquicos, há "juancarlistas".
Mas em Portugal existe algo diferente, um fenómeno mais intrínseco. Não é por acaso que os portugueses gostam de perpetuar os seus dirigentes máximos, quando, de alguma forma, eles corporizam o sentir do povo. Salazar foi o grande monarca do séc. XX, a que se seguiram os pequenos reizinhos: Eanes, Soares e Cavaco. O povo português, vive sempre e ainda à espera do "desejado", do "encoberto", do líder salvífico da nação, que a regenerará fundando o Quinto Império.
Note-se que a República é um 1/9 em 9 séculos de nacionalidade. E, tal facto, em termos de inconsciente colectivo nacional, não se pode escamotear.
De Espanha vem, agora, uma aragem que suaviza a instintiva saudade de outros tempos. Um fruto simbólico que digerimos com gosto. Mas que nos sabe a proibido.
Aliás, se assim não fosse, porque não permite, a nossa constituição, um referendo sobre a forma republicana de governo!?
As virtudes de uma Monarquia, num Mundo globalizado e numa Europa a 25, são importantes como o garante aglutinador e identificador da nação.
E este súbito interesse é muito mais que cuscuvilhices de comadre, é a busca das referências que perduram e permanecem. Daquilo que foi, é e será. De um mínimo denominador comum a toda a nação, e aos tempos dessa mesma nação. E como nós não o temos cá (ou melhor, não o divulgam) - vamos... buscá-lo lá fora!
A República, despersonalizadamente asséptica, abre espaços a uma diluição cultural. E, por isso, muito se houve falar de Iberismo. Ora, uma coisa é certa, no próximo fim-de-semana, tal desiderato "cumprir-se-á" : o príncipe de Espanha, será o rei das audiências portuguesas...!

segunda-feira, maio 17, 2004

Madredeus 



Ao longo de 17 anos de uma carreira, brilhante, eis um novo album "Amor Infinito". Nas palavras de Pedro Ayres Magalhães - em carta de apresentação do novo trabalho - "uma fantasia musical de raíz portuguesa, como o foram todos os outros discos, que canta o amor do hemisfério lusitano, um amor que é humano e universal, o amor dos mistérios da saudade".
Da saudade do que já passou, da saudade do futuro, mas, sobretudo, da saudade daquilo que se não viveu. Caminhos perdidos que se acham na sublime busca da alma lusitana. E o suave véu de melancolia feito, a toldar sempre a descoberta. Porque há sempre um mais além, um horizonte estribado na insistência de uma memória, velada, que permanece ausente, mas que é perene. E existe, sempre. Luz ou lua diáfana que afaga as horas e que tece dias de sempre auroras.

sexta-feira, maio 14, 2004

Fundação Ana de Sommer e Carlos Montez Champalimaud 

Apesar de já estar amplamente divulgada, não poderia deixar de fazer uma referência a António Champalimaud e à sua filantrópica fundação, vocacionada para a investigação científica no campo da Medicina. Quiçá em memória de seu pai, ou do curso que não chegou a tirar...!
Independentemente da sua personalidade "irascível" com mais um "r" - na curiosa observação de EPC - o certo é que era um homem carismático. E, sobretudo, com valores,como o atesta a criação póstuma da segunda maior fundação nacional. É uma lição e tanto para todos aqueles que lhe atribuiam o epíteto de capitalista como sinónimo de egocentrismo, indiferença, calculismo e materialismo. Tocante também, é o tributo prestado a seus pais... o respeito pela memória define um homem...!

Believe it or not?!!!! 



É o que dá ter em casa quem lê a Hola!. Descobrem-se curiosidades que são revelações. Luís Figo em entrevista (não disponível em linha) à dita revista: Hola: "Luis, contento de que haya ganado el Oporto?"; Resposta do camisola 10 do Real:"Como qualquier español, me hubiera gustado que ganara el Depor" !!!!!!!!
Quero acreditar que é mentira... mesmo que seja a mais pura verdade...! Haja dignidade!!!

segunda-feira, maio 10, 2004

As consequências da verdade 

A questão dos abusos aos militares iraquianos não pode ser escamoteada. É impensável que semelhante barbárie poderia passar impune. Sobretudo quando vêm, agora a lume, novas revelações sobre o efectivamente sucedido. Tudo pela mão do W.P..
Note-se, não é nenhum jornal árabe ou europeu que desvenda as hediondas imagens e revelações das mais aviltantes violações à Convenção de Genebra.
Daí que - e desta vez com alguma propriedade - os antiamericanos primários vieram verberar contra a administração Bush, acusando-a de responsabilidade directa nos delitos.
Pois bem, à razão, de sobra, dos argumentos carreados para os "media", corresponde-lhes uma míngua de bom senso. Como bem nota "O Observador" André, de facto, uma coisa são as violações inenarráveis cometidas pelos militares americanos, outra é julgar toda uma política internacional de combate ao terrorismo, colocar em causa a tradicional aliança transatlântica, e olvidar o efeito no, mundo árabe, das auto-repreensões mediáticas ocidentais. Convenhamos: os ouvidos formatados por uma cultura democrática, humanista, liberal e solidária, como os nossos, não são susceptíveis a "soundbites" radicais e totalitários. Ora, as frequências que ouvimos não são as mesmas de um povo que foi criado em estados teocráticos autoritários, despóticos, violadores básicos de qualquer direito tido por nós como fundamental. Por isso, o eco destas imagens, e sobretudo, o alcance de um julgamento público dos líderes da Coligação que está no Iraque, só pode fazer inflamar a mesquinhez da mentalidade espúria dos radicalismos árabes. Quem ler a entrevista a Fernando Gil à "Publica" e conjungando-a com a pretérita entrevista, concedida à mesma revista, do londrino líder radical islâmico, só pode chegar a uma conclusão: a bitola que usamos para criticar a política interna ou internacional dos nossos governos (digo, ocidentais), não pode ser a mesma - suceda o que suceder - quando está em causa o contacto com outras civilizações. Porque os quadros mentais são outros, porque tudo é entendido de maneira bem diversa. E sobretudo porque, nos E.U.A., há mecanismos de correcção... há JUSTIÇA, que se encarrega de julgar os culpados e... há LIBERDADE que permite que estes actos hediondos sejam denunciados. Mas no Iraque, no Irão, na Arábia Saudita, no Líbano, no Sudão, na Síria o que é que há: miséria material, mas sobretudo humana. E quem se esquecer disto esquece o essencial!!! A inqualificabilidade dos actos praticados, não torna a superioridade moral americana, ou em última análise, ocidental, numa charada, como muitos querem fazer crer. O erro dos soldados norte-americanos, não inquina que se prossiga uma tentativa, ainda que leviana, de controlar o alastramento do fenómeno do radicalismo religioso islâmico, saudoso do Califado, onde a sobreposição do estado e do direito no plano religioso, são solo bem fértil para a propagação de um fanatismo de carácter - e digo-o sem qualquer exagero - apocalíptico.

quinta-feira, maio 06, 2004

Parabéns 

Ao "blog" dos blogs, pela pertinência, pela dedicação, pela versatilidade, pela disponibilidade mas, sobretudo, pelo sentido de intervenção ao cívica. Parabéns Abrupto.

terça-feira, maio 04, 2004

A luz de Simonetta 

Simonetta Luz Afonso, é a nova presidente do Instituto Camões. Depois de um passado com provas dadas, desde o sucesso que foi Europália, passando pelo comissariado da Exposição Hannover 2000 até à direcção do recente museu da Assembelia da República. Simonetta, promete. Em declarações, não disponíveis "online", refere que não a assusta a falta de verbas do referido Instituto. Ora, num país em que a Cultura é sempre o parente pobre da Admnistração Central, colocar alguém com a visão, o rasgo e, sobretudo, a imaginação de Luz Afonso, pode ser uma valorosa mais valia para Portugal. É que, convém não esquecer, que o nosso vizinho Zapatero, através da sua Ministra da Cultura Carmen Calvo, já referiu que a nova política que subjaz ao Instituto Cervantes - negligenciado por Aznar - ir-lhe-á conceder novo fôlego. Uma das prioridades de Zapatero é o proselitismo espanhol, desta feita, travestido pela implementação linguística do castelhano. No que tange a relações externas, ao que Aznar apostou em "realpolitik", aposta Zapatero em "culturalpolitik".

Um vulto de peso 



A coligação governamental somou pontos. Não só pela individualidade que convidou para mandatário nacional, mas, e sublinhe-se, pelo efeito surpresa. Ernâni Lopes é um homem credenciadíssimo, respeitado e sem roupagem partidária. E mais do que abençoar a lista às Eleições Europeias, vem dar o seu, qualificado, aval às núpcias governamentais PSD/PP. Uma mais valia assim, só pode baralhar os dados do adversário, Sousa Franco, que se tem entretido - ao contrário do que bem nos habituou - a arrufos de politiqueiro barato, para o que, diga-se, lhe soçobra o jeito. Melhor fora o silêncio do que as respostas jocosas e pouco construtivas às declarações da Ministra das Finanças.

Hoje é dia de eclipse 


Sempre me fascinaram os fenómenos astronómicos, por isso, hoje, apesar do F.C.P. jogar, não posso esquecer de logo ver o eclipse total da lua.
Um eclipse lunar ocorre quando a Lua está sempre na fase Cheia e entra na sombra da Terra. À distância da Lua, 384 mil km, a sombra da Terra, que se extende por 1,4 milhões de km, cobre aproximadamente 4 luas cheias. Em contraste com um eclipse do Sol, que só é visível em uma pequena região da Terra, um eclipse da Lua é visível por todos que possam ver a Lua. Um eclipse da Lua pode ser visto, se o clima permitir, de toda a parte nocturna da Terra. Eclipses da Lua são muito mais frequentes que eclipses do Sol. A duração máxima de um eclipse lunar é 3,8 horas, e a duração da fase total é sempre menor que 1,7 horas.
Os Tipos de Eclipses são:
a) Eclipse Lunar Penumbral: Este tipo de eclipse ocorrerá somente se a Lua, ao longo da sua trajetória, atravessar a região da penumbra terrestre. Este tipo de eclipse não é perceptível a olho nu. E pode ser medido apenas com instrumentos apropriados como um fotómetro.
b) Eclipse Lunar Umbral: Este tipo de Eclipse Lunar tem ainda outras duas divisões:
b.1) Eclipse Lunar Umbral Parcial ou simplesmente Eclipse Lunar Parcial: neste tipo, a trajectória da Lua será tal que uma parte dela passará pela umbra terrestre.
b.2) Eclipse Lunar Umbral Total ou apenas Eclipse Lunar Total: nesse último tipo ocorrerá quando a Lua entrar no cone de sombra terrestre.
Para melhor percepção:


Para saber mais, aqui

sábado, maio 01, 2004

Uma nova Europa 


Hoje é um dia histórico. A questão da Europa já foi algumas vezes aqui abordada, por exemplo aqui , no que concerne a uma nova união, desta vez pacífica e voluntária do continente Europeu. Porém, há muitas perplexidades devido à entrada dos novos mebros. Muitos são os “Velhos do Restelo” que auguram grandes tormentas com a entrada de mais 10 países para a União Europeia. Da crueza dos números, que o mesmo é dizer dos factos, ressalta à vista que o nível médio de instrução da população desses países é, largamente, superior ao nosso. No que tange ao PIB per capita, a média dos 10 novos membros fica bem abaixo da nossa – só perdemos para Chipre. De resto, em número de habitantes perdemos claramente para a Polónia, com cerca de 39 milhões de habitantes e ombreamos com a República Checa e a Hungria com cerca de 10 milhões de habitantes cada, os restantes 7 países têm uma população claramente inferior à nossa.
Geo-estrategicamente, os novos membros, com a excepção de Malta e Chipre, encontram-se no coração da Velha Europa – sem dúvida uma vantagem a considerar. Se Portugal já era um país periférico, acentua a sua posição de charneira. Portugal, como bem notou António Barreto, é o país mais setentrional dos do Norte, o mais pobre dos mais ricos, o mais ocidental dos ocidentais, o maior dos mais pequenos, o mais Atlântico dos continentais. Por essas mesmas razões é uma nação de especificidades muito particulares o que determina uma personalidade muito própria com vantagens e defeitos únicos.
Um desses maiores defeitos é a dependência. Portugal, desde o séc. XVI caracterizou-se por praticar a “política de transporte. Ou seja, fomos sempre uma terra de interposto e nunca transformação de matérias primas e produção final. Limitamo-nos a gerir as riquezas que adquiríamos nas colónias ultramarinas. E daí retirar os dividendos. Por isso, o nosso frágil equilíbrio económico foi sempre tributário da conjuntura internacional.
Porém, note-se, a fraqueza da dependência do exterior, num mundo profundamente globalizado e interdependente, pode-se tornar em força. De facto, actualmente, o conceito de Independência nacional é um conceito a rever, nos seus moldes clássicos. Na verdade, pela pertença a uma comunidade económica e política que extravase os limites geográficos do estado tradicional, permite-se que a independência estadual seja, fortemente, condicionada, pelo exterior. Mas, ainda que assim não fosse, nunca como hoje existiu a susceptibilidade de uma crise económica ou política territorialmente localizada poder afectar e desencadear uma época de recessão à escala global. Todos dependem de todos. Por puras razões de complementaridade.
Ora, Portugal, sempre se caracterizou por gerir este estado de interdependências. Primeiro com a Índia, depois com o Brasil, com a África e, finalmente, a Europa. Ou seja, foi um país que, em termos históricos, pertenceu sempre a uma comunidade de regiões com identidades próprias e interesses particulares, a todos os níveis. O que actualmente hoje é constituído pelos PALOP, sem descurar os enclaves Indianos, de Goa Damão e Diu, e Timor Leste.
Por outra banda, não se pode escamotear que, nesta interpenetração política e socio-económica, é fundamental Portugal encontrar um desígnio. Ou seja, a criação de sectores de especialização que permitam a concorrência com os demais parceiros comunitários. Como, por exemplo, fez a Irlanda ou a Finlândia, em que o investimento em I&D, vocacionado para sectores específicos, levou-os a patamares de desenvolvimento inauditos e imprevisíveis.
Do mesmo modo e mesmo que o grande centro de decisão seja Bruxelas, a opção que nos resta é estar na frente da construção Europeia ou desistir. E antes aderir à vanguarda da união do que ficar inerte a assistir. De facto, estar no pelotão da frente da construção da União permite influenciar, de algum modo, este inédito projecto de arquitectura supra-estadual. Antes “dentro” determinando pouco, do que “orgulhosamente sós” e arreigados a uma independência serôdia e estéril.
É óbvio que o desafio é exigente, mas trás a virtualidade de transportar consigo esperanças de sucesso para um país que, como o nosso, parece estar sempre adiado.
É com a noção destas lusas contingências, e fazendo das tibiezas determinação, que temos de encarar a adesão dos 10 à União Europeia. Sobretudo olhando para os novos parceiros como possíveis mercados de escoamento de produtos nacionais e não como concorrentes directos. É esta “revolução coperniciana” da mentalidade nacional-caseira que é preciso, antes de mais, operar.

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