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domingo, agosto 08, 2004

A santana pulseirinha  

O mistério está explicado...pelos vistos até o do seu sucesso. Na secção "Manias", da revista Pública de hoje, desvenda-se um mistério que se adensou na comunidade blogosférica e não só...! Seria que o nosso Primeiro-Ministro usava uma pulseirinha baiana, vulgo as do Nosso Senhor do Bonfim, ou uma mera pulseira de cabedal??? Enfim a verdade foi reposta. Desenganem-se todos os polemizadores...não é nada até hoje aventado. É algo muito mais "Zen" do que afro-brasileiro. Trancreve-se o que aí vem escrito( não está disponível online): "Na verdade a pulseira de Santana Lopes é uma peça de joalharia criada pelo vietnamita Dinh Vane que, segundo o "24 Horas", foi comprada em Outubro do ano passado pelo então vice-presidente do PSD. O adorno, feito de duas tiras de algodão que prendem uma chapa de metal precioso perfurada, simboliza a protecção de quem o usa, como é também o caso da rainha Sofia de Espanha ou do arquitecto Siza Vieira."
O mistério desvanece-se...o mito constrói-se...!


A imagem foi retirada do site O Coiso

E por falar em férias... 


Julho de 2004, Palace Hotel do Buçaco

Aqui repasta-se, e não só, divinamente...ou melhor, como um rei...! Obrigatório é não ceder às "comodidades da vida moderna" nem aos apelos "melífluos" do ar condicionado e deliciarmo-nos na varanda do restaurante sob a magnífica abóboda neomanuelina. Um regalo.
Nota de excepção para a garrafeira.
Luigi Manini foi o mestre arquitecto deste magnífico imóvel construído sob o mote de um pavilhão de caça para Sua Majestade, El-Rei D. Carlos. A ideia, no entanto, transmutou-se (facto a que não será alheio a queda da Monarquia) e logo se pensou em aí criar um hotel de charme. Que, assim, abriu portas em 1917, tendo sido dado à exploração a Alexandre Almeida, e em cuja família ainda hoje permanece. Dignas de nota são as telas de João Vaz e Carlos Reis, espalhadas pelas zonas sociais.
Impõe-se, igualmente, um passaio a pé pela mata e tentar descobrir a sua mais antiga árvore: um cedro originário dos Açores, plantado em 1644, junto à fonte de S. José, pelo reitor da Universidade de Coimbra, D. Manuel Saldanha. Porém, as origens da frondosa e luxureante mata, remontam ao séc. X, aquando da doação daquelas terras aos beneditinos do Mosteiro da Vacariça. Seriam, no entanto, os carmelitas que por ali se fixaram em seiscentos, quem a enriquecerem com espécimes provindos das quatro partidas do Mundo.
Um puro deleite...!

A canícula 

Transformou e transtorna este blog. Que está completamente letárgico. Mais ainda do que quando o Glosas, há um ano, se deliciava debaixo deste maravilhoso sol...

Agosto de 2003, algures...! A fotografia tem o seu quê de "kitsch" mas testemunha as palavras...!

domingo, agosto 01, 2004

O Estado da Nação 

Mudam os Governos, mudam as maiorias, mudam os partidos, mas o país segue órfão. Órfão de um projecto. Na verdade, em Portugal não existe uma ideia forte uma nova epopeia que irmane os cidadãos na busca de um desiderato colectivo nacional. Ou seja, não há um princípio aglutinador das forças vivas da nação, que as motive, que faça com que se transcendam, elas próprias!
Convirá, antes de mais, concretizar o enunciado. Para tal, temos, pois, que colocar uma pergunta chave : qual o critério estrutural e orientador dos poderes instituídos e fácticos que subjaz à eleição prioritária de uma determinada área, nomeadamente brindando-a com medidas políticas favorecedoras e, mais do que tudo, muitas verbas, em detrimento de outra área qualquer? Tanto quanto se saiba, nenhum.
Donde, não existe critério bastante para aferir da rectidão, da pertinência, da oportunidade e da justeza, das decisões e directivas político-económicas.
Qual a consequência desta orfandade de um princípio direccional? Será, fatalmente, a arbitrariedade e sobretudo a discricionariedade.
A ausência de um rumo normativo permite, em ultima ratio, que tudo seja justificável. Ora, deste modo, permitem-se os maiores atropelos, que se materializam num país injusto, que adia a solução dos seus problemas. Para pagar favores, para servir interesses. Sem regras não é possível qualquer controlo, pois...controla-se o quê?
Desçamos ao caso concreto : acaso será concebível que no nosso país, a percentagem de população que haja concluído o ensino secundário, seja a mais baixa da OCDE, atrás do México e da Turquia e bem mais abaixo do que a Grécia, a Espanha ou a Irlanda? Será, moralmente aceitável que existam listas de espera nos hospitais onde não se espera por uma cura, mas se caminhe para a morte? Poderá Portugal suportar um sistema fiscal onde quem obtém grandes proventos pode muito mais facilmente fugir aos impostos e pagar muito menos do que aquela maioria silenciosa que, trabalhando por conta de outrém e recebendo um parco salário, o declara integralmente? Acaso um cidadão poderá acautelar os seus legítimos direitos e interesses, quando os seus processos judiciais se arrastam, indefinidamente, pelas secções dos Tribunais? Poderá uma nação crescer forte e saudável quando o critério para, por exemplo, arranjar um emprego, não é o mérito pessoal, mas, como se diz à boca pequena, a famigerada cunha? Como se pode suportar um sistema em que o lobby da bola – facto denunciado pelo próprio Procurador Geral da República - como sendo um manancial de oportunidades para branqueamento de capitais e conluios políticos espúrios? Que país é este onde os estabelecimentos prisionais estão super lotados, e onde, sabe-se lá porquê, há uma prisão, nova em folha, por abrir? A lista de questões, é, infelizmente, infindável.
Esta é, pois, a imagem concretizada de um país não tem um Desígnio, mas muitos desígnios e interesses.
A consequência da falta desse princípio orientador e normativo da actividade do país, cria terreno, aliás bem fértil, para que grassem os oportunismos, os conluios, os conchavos e compadrios.
Por isso, o terreno está livre para o chico-esperto, essa figura ímpar nacional, sempre e cegamente orientada pela ideologia do nacional-porreirismo. Criatura que se alimenta do amiguismo, do favor, que dá sempre a volta e que acha, que os outros são idiotas.
O nosso mal reconhece-se com cristalinidade. Com contornos bem bafientos, enquistando o país, anestesiando-o e deixando-o à mercê de cliques viciantes, estoicamente resistentes a todo e qualquer tipo de reformas.
Sem soluções palpáveis, sem uma real afronta aos interesses claudicantes, o país segue sendo conduzido a um ponto sem retorno. Mantendo-se, assim, languidamente, imerso num pantanoso caos.
De facto ... "Portugal, Portugal, de que é que tu estás à espera..."

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