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sábado, janeiro 31, 2004

Olhares 

O olhar verdadeiro é como o de um amigo : "vê o fundo de bondade que existe em cada um de nós, é um olhar que ajuda a crescer. Não quer dizer que aprove tudo o que vê, quer dizer que sabe descobrir, para além das aparências, a nossa busca (talvez desajeitada) de bem. Somos salvos pelos olhares de quem nos olha com fé. De quem acredita em nós. É isso que Deus faz : olha-nos com fé " (Nuno Tovar de Lemos, Padre Jesuíta).
Nunca é demais recordar a última essência das coisas!!!

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Jangada de Pedra ? 

Tanto o Cataláxia, como no Nortadas ou no Vilacondense, circulam ideias, as mais díspares, sobre os destinos da nossa tão amada pátria. A cruzada nacionalista, justifica-se, quanto mais não seja como reacção às obtusas ideias propaladas quer por José Manuel de Mello ao Expresso, como, também, o editorial de José António Saraiva, ou as declarações de Francisco Van Zeller, presidente da CIP. Quiçá, análises tributárias do recente acordo Ibérico, quanto ao mercado de electricidade, o Mibel, precedido pela venda da Somague de Diogo Vaz Guedes a "nuestros hermanos". Tudo bem regado com uma auto-estima e confiança de grau zero.
Pois bem, os pontos de vista são diversos. Mas, a todos eles subjaz um princípio primeiro que os une na contradição: a portugalidade. Aqui tudo radica, tudo ganha ou perde sentido consoante se defende este "sentimento de si" nacional ou não.
Estamos em crer que as "heréticas" declarações de José Manuel de Mello, não surpreendem. Ele é, para a actualidade, o rosto da elite dominante - a económica. E, nesse sentido, o seu comportamentó não é muito diferente do que já aconteceu ao longo da nossa vetusta História.
De facto, o Iberismo, é um conceito que, com as venturas e desventuras da História, ora se desvanece, ora ressurge, pleno de arrogância. Vejamos. Portugal nasceu como estado, fruto dos ímpetos e da vontade política dos senhores do Condado Portucalense. Já que o espaço cultural, nomeadamente a língua - o galaico-português - era o mesmo, realtivamente a Leão. Aliás, para muitos autores, o conceito de estado nação, só emerge, pela primeira vez, com a Revolução de 1383-85. No entanto, numa análise mais atenta, nota-se que grande parte das elites ao tempo - a alta nobreza e o alto clero que daí , também provinha - não estavam com o nosso D. João, mas com o de Castela. Que reclamava a pretensão ao trono pois era o esposo de D. Beatriz, única filha de D. Fernando e da "aleivosa" D. Leonor. E, note-se, que tal revolução, chefiada, pelo Mestre de Aviz - futuro D. João I - e filho bastardo de D. Pedro, foi, pois, apoiada, não pelos grandes terra tenentes, mas pelos "ventre ao sol", na emblemática desginação de Fernão Lopes. Com a II Dinasntia a política da endogamia entre as cortes de Portugal e Castela ganha supinos contornos, tais eram os laços de consanguinidade entre os nubentes. Com o objectivo de sufragar uma união Ibérica. Aliás, paradigmático desta política, é o exemplo de um dos nossos mais louvados governantes, ou não fosse o Príncipe Perfeito, D. João II. Casou o seu filho D. Afonso com D. Isabel, primogénita dos Reis Católicos, Fernando e Isabel. Porém, o destino, ou melhor o "fado", cerceou-lhe o seu desígnio, vindo o dilecto príncipe a morrer de uma queda de cavalo, à beira Tejo. A política dos casamentos veio, contudo, a consumar-se com a ascenção ao trono de Filipe I, II de Espanha. Mais uma vez as elites do tempo, a alta nobreza, não via com maus olhos tal solução. Tendo a independência sido restaurada pela mão dos Conjurados, iniciando-se a Guerra da Restauração, onde, mais uma vez, parte da alta nobreza pugnava pela solução Ibérica.
O Iberismo, assomou diversas vezes nos séculos que se seguiram, porventura porque, como refere José Mattoso, uma identidade nacional efectiva, só se logrou alcançar em pleno séc. XIX.
Na verdade, a atracção das elites por uma união é fácil de explicar. A proximidade de um centro de decisão de superior importância como é Madrid, a entrada de pleno direito numa sociedade onde se desmultiplicam muitas mais oportunidades, ontem como hoje, justificam a atracção pela diluição dos estados Ibéricos, em um só.
Resta a perspectiva puramente emocional. E essa, é que é reservada ao Povo. Esse sim, não se move pelo interesseirismo rasteiro das estratégias económicas ou políticas. Não se resume nem se lê pelos caracteres da "realpolitik". Assume-se como um estado de alma, um modo de ser. Em livre autodeterminação.
Concede-se, porventura, que só com o movimento romântico de oitocentos, tal conscìência tenha sido realizada. Mas é inescamoteável que o seu pulsar vinha já de antanho: uma seiva que corria nas veias da terra que constitui o mais antigo estado nação da Europa.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Bem-vindo 

O novo blog temático Ciência Lusitana, abrilhantado com a participação do Eduardo do Lápis de Côr. Já está nos Links.
Novos links também, já há muito devidos, do Passarola Voadora e Trenguices.

Liberdade de Expressão e Segredo de Justiça 

No programa Prós e Contras, José Miguel Júdice, propôs a quadratura do círculo, ou seja, conciliar estes dois vectores, aparentemente inconciliáveis. Parece que, todos os interlocutores, anuiram à redução drástica do Segredo de Justiça. Contudo, quanto à conciliação do mesmo com a Liberdade de Expressão... "niente". Salvo a meritória excepção de Paulo Rangel que, de forma clarividente, desconstruiu a questão ao reduzi-la ao seguinte enunciado, que só na aparência é óbvio: a Liberdade de Imprensa termina lá onde existe o Segredo de Justiça - foi para isso que ele foi consagrado. Parece, pois, que o que existe é uma dificuldade ontológica dos restantes intervenientes em admitir o que é evidente. Facto a que não será alheio - bem pelo contrário - o escândalo Casa Pia. Elemento perturbador e viciante de qualquer reflexão sobre o tema, nestes dias que correm. Parece pois, que seria mais avisado que qualquer alteração legislativa nestas matérias bem como a senda reformista do Governo no sector da Justiça, aguardasse por dias mais serenos e menos inflamados por processos ainda pendentes.
De facto, se é verdade que o Segredo de Justiça, muitas vezes viola direitos fundamentais, não é menos verdade - como, aliás, bem referiu Paulo Rangel - que no âmbito da nova criminalidade organizada dos dias de hoje (redes pedófilas, terroristas e de narcotráfico), o Segredo de Justiça será um instrumento imprescindível ao efeito útil de qualquer investigação criminal.
Donde, ao realçarem-se, somente, os efeitos perniciosos do Segredo de Justiça, escamoteiam-se as vantagens que o justificam e legitimam.
Resulta claro, por outra banda, que a preocupação quase exclusivista da protecção da Liberdade de Expressão aí demonstrada por quase todo o painel, é apanágio de todas aquelas gerações que viveram os tempos do antes e pós 25 de Abril. Gerações estas para quem a Liberdade de Expressão nunca foi um dado adquirido. Ao contrário das novas gerações: descomplexadas dos receios da censura. Daí que, a estas lhes seja muito mais simples cuidar de conciliar estes dois interesses que nunca poderão ser conflituantes mas simbióticos: sem Liberdade de Expressão o Segredo de Justiça seria uma mera figura de retórica, sem Segredo de Justiça a Liberdade de Expressão seria um perfeito instrumento de manipulação. Ambos só ganham pleno cabimento em sociedades democráticas e livres.

Miguel Cadilhe 

Subscrevemos, sem mais, as palavras sábias do Ministro das Finanças de Cavaco Silva. Porém, fica-nos a sensação de serem um choro sobre leite derramado. Porque é que, nas suas sempres afoitas intervenções, já não o havia referido???
O país tem necessidades tão pungentes que justificam uma séria e criteriosa eleição de prioridades. É pena que os protagonistas não se assumam em devido tempo...!

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Uma ideia para desamparar 

A já não muito nóvel, mas sempre sedutora, tese do recurso de amparo, como instrumento ordinário de impugnação de decisões judiciais – e não só – é afoita, sagaz, materializa, paradigmaticamente, o direito dos cidadãos à defesa dos seus interesses. É, realmente, uma ideia quase perfeita. Vejamos, no entanto, o que contém o quase.
Ora, este quase, é por si só, tudo. Ou seja, os inconvenientes de dar à estampa legislativa um tal recurso, são, assaz, perigosos. Aliás, no Público nas suas recicladas apostilas, agora “Blogposts”, o já não menos reciclado – a reciclagem não é necessariamente um defeito – Vital Moreira, enumera os inconvenientes de uma tal medida. Para nós, o mais pernicioso, seria o seu uso indiscriminado, com efeitos, meramente, dilatórios. E, concomitantemente, o inelutável prejuízo para a sageza a que a jurisprudência do Tribunal Constitucional nos habituou.
Porém, algo mais profundo radica nesta medida: os ínvios desenvolvimentos do processo da década, o dossier casapiano.
Se olharmos para o processo dos Açores (relativo à pedofilia), apesar de, também, aí estarem indiciadas figuras públicas, muito conhecidas nos Açores, o processo corre lesto e silencioso. Pelos vistos, a Justiça aí funciona. No entanto, por cá – no Continente – as tropelias processuais, as violações do segredo de justiça, as inquinações da opinião pública, as manipulações espúrias da comunicação social, o alarido festivaleiro da saída da prisão de um dos arguidos, tudo contribui para o emergir de uma, já diagnosticada, atmosfera de... desconfiança!!! Das instâncias judiciais, das próprias magistraturas. Tendo como motivo próximo, a fulanização institucional!!!
A isto acresce, que se tenha vindo a falar, como não há memória, sobre a crise da Justiça. Ora, se a Justiça está em crise, é porque os Tribunais não funcionam bem. Se os Tribunais funcionam mal, então não podem lograr obter boas decisões. Ora, se não tomam boas decisões... o caso Casa Pia, não é excepção, mas a sua regra paradigmática. Eis o silogismo que está em marcha. E, a tal ponto, assim é, que o mais alto magistrado da nação, não se cala com recadetes para todos os lados. Arrogando-se agora em Primeiro Ministro de facto, há que propor leis para resolver a “gravíssima crise judiciária” que existe entre nós. Ora, a proposta do recurso de amparo, vem, precisamente, nesta peugada.
Há muito tempo que os actores do sistema judicial português vêm denunciando o certo e inegável esquecimento a que o poder central, tem votado o meios da Justiça. Porém, só agora, o assunto se tornou premente. Só agora, violações inenarráveis aos direitos dos cidadãos e outras tropelias quejandas, é que justificam as intervenções sucessivas não só do Presidente da República, mas do poder político em geral.
Tal facto, redunda, tristemente, numa só justificação que se constata: a existência de figuras públicas em causa, nomeadamente do poder político, strictu sensu. Nada mais. Se assim não fosse, nada do que se tem passado ocorreria: basta olhar para o processo dos Açores! O que nos faz pensar, tal como George Orwell conclui no seu “O Triunfo dos Porcos” - "Animal Farm" - "onde todos (os animais) são iguais mas uns são mais iguais do que outros". Esperemos que em Portugal triunfem os “limpos”...!

sábado, janeiro 17, 2004

Memórias 

Subia a Rua Ricardo Jorge, no Porto, a pé. É uma daquelas ruas que, desde criança, me habituara a conhecer de cor. E que, agora, me parecia muito pouco familiar. De repente, ao dobrar a esquina para José Falcão, algo de surpreendente: o mesmo som, uma mesma música, o mesmo homem, cego... possivelmente o mesmo acordeão. Desde sempre recordo esta imagem do acordeonista ali sentado, de Verão, de Inverno. À chuva. Ao sol. Sem ar de miséria, ou a inspirar misericórdia. Sempre me pareceu que no seu gesto sério, se habituara àquele local, como se fosse seu. A preencher aquela esquina com música. Como se as pedras dos prédios precisassem das notas do seu acordeão para não se desmoronarem.
Vi-o. Nem mais velho, nem mais novo. Parecia a mesma pessoa de há vinte anos. Como se, por ele, o tempo não tivesse passado. E não...!
Ali estava, perene, como se a efemeridade não existisse. Fiel. Tal qual um laço de verdadeira amizade, como na música de James Taylor:

"When you're down and troubled
and you need a helping hand
and nothing, whoa nothing is going right.
Close your eyes and think of me
and soon I will be there
to brighten up even your darkest nights.

You just call out my name,
and you know wherever I am
I'll come running, oh yeah baby
to see you again.
Winter, spring, summer, or fall,
all you have to do is call
and I'll be there, yeah, yeah, yeah.
You've got a friend.

If the sky above you
should turn dark and full of clouds
and that old north wind should begin to blow
Keep your head together and call my name out loud
and soon I will be knocking upon your door.

You just call out my name and you know wherever I am
I'll come running to see you again.
Winter, spring, summer or fall
all you got to do is call
and I'll be there, yeah, yeah, yeah.

Hey, ain't it good to know that you've got a friend?
People can be so cold.
They'll hurt you and desert you.
Well they'll take your soul if you let them.
Oh yeah, but don't you let them.

You just call out my name and you know wherever I am
I'll come running to see you again.
Oh babe, don't you know that,
Winter spring summer or fall,
Hey now, all you've got to do is call.
Lord, I'll be there, yes I will.
You've got a friend.
You've got a friend.
Ain't it good to know you've got a friend.
Ain't it good to know you've got a friend.
You've got a friend"

"Close your eyes and think of me"... é realmente de olhos bem fechados que "vemos" o que está para além de ... aquilo que não se toca, mas o que realmente se sente, cá dentro, bem no fundo de nós.
E foi ao passar naquela esquina que descobri que além de tudo, há coisas que permanecem, que se mantêm. Apesar da voragem das horas, dos dias, dos meses. Apesar de... como nos dias da minha infância, naquela singela rua, naquela sombria e indistinta esquina de José Falcão, há um cego, com um acordeão, que relembra que há coisas, simplesmente há...! Que, aconteça o que acontecer, lá estão, só para nós, como um contraforte de uma catedral gótica. Para nos assegurar a existência e para sabermos sempre, quem realmente somos.

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Interrogação 

Poderá ser algo evidente, se calhar La Palice não diria melhor, mas constata-se que entre a esquerda e a direita existe um enorme abismo na forma como encaram a figura de Souto Moura - ressalvando aqui algumas excepções. Para a esquerda, o PGR é um "Gato constipado" - na imagem emblemática de Eduardo Prado Coelho; para a direita ele é simplesmente o PGR.
O que é tremendamente inquietante. Pois, demonstra, à saciedade, que o objectivo, espuriamente desejado, da politização do processo Casa Pia, foi amplamente conseguido.
Porém, mais melindrosamente curioso, é que os actores do xadrez político da esquerda nacional, disso não se apercebam, e continuem na senda persecutória da magistratura do Ministério Público. E se muitas contemporizações têm para com o cidadão Paulo Pedroso - que até transito em julgado de decisão em contrário está inocente - pouca ou mesmo nenhuma comtemplação têm para com a figura institucional de um dos mais altos magistrados da nação. A mais leve notícia, com intuitos pejorativos ainda por provar, sobre o Presidente da República, ou uma insinuação acerca do presidente do Partido Socialista, são justificações bastantes para por em causa o PGR.
Se por acaso há alguma dúvida, a mais leve que seja, de parcialidade no exercício da sua função, que o digam, e o acusem, frontalmente. Porque não é aceitável que esteja em marcha aquilo a que se pode chamar de uma orquestrada, paulatina, velada e sibilina campanha de descrédito, não só da sua função mas da instituição a que preside. O que, acarreta a descridibilização do sistema de Justiça e do próprio regime democrático. Preocupação que lhes é, e bem, tão cara.

Quadratura do Círculo 

No aniversário da SIC Notícias, fomos presenteados com o formato televisivo do saudoso Flashback. E, apesar do tempo reduzido da estreia, o debate foi profícuo. Mormente a partilha da opinião de António Lobo Xavier, que veio trazer um valor acrescentado sobre a reflexão, "a la minute", em que a classe política portuguesa mergulhou, acerca da violação do segredo de justiça. Na verdade, em Portugal, sempre que há uma questão que se coloca de forma mais pungente, ataca-se a sua raiz, legislando. Ora, estando perante um único processo, mediaticamente emblemático, é certo, mas único, será acertado criar novas leis de salvaguarda ao segredo de justiça, a seu exclusivo propósito? Segredo este que, note-se, só parece ter revelações dignas de decoro e denodo por parte da classe política, neste caso Casa Pia? Os expedientes legislativos existentes, tanto quanto se saiba, foram os suficientes até hoje, altura em que uma figura de primeiro plano do Partido Socialista, fez a estreia como arguido num processo altamente volatilizante do bom nome, da honra, da imagem. Será, porventura, honesto criar novas e excepcionais medidas legais no que tange às violações do segredo de justiça a propósito de um processo em que, nem se quer está em causa - prima facie - o múnus de um cargo político ou público, mas algo da esfera da reserva da vida privada?
Legisla-se geral e abstractamente para aplacar perplexidades resultantes de um casuísmo, com particularidades específicas, concede-se, mas que não lhe retiram a característica de ser um caso concreto? Percebe-se: o bailado dos nomes sonantes é como um canto de sereia que nos enebria e nos faz distrair do essencial. Justifica tudo. Desde tomadas de posição do Presidente da República, a pedidos de demissão do Procurador Geral da República, a teorias "cabalísticas", a alterações legislativas, a reuniões de emergência do Conselho de Estado...! A voragem dos furos mediáticos, não pode, de forma alguma, controlar, direi mesmo, manietar, as instituições democráticas. Sobretudo o Parlamento. Que, em última análise, ficou refém de um só processo judicial. Haja bom senso!!!

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Abrupto 

José Pacheco Pereira, nas páginas do Público, avança, de forma silogística, a razão de ser da trama casapiana. É um texto pertinente, sagaz. E em que, como já aqui o Glosas também se havia interrogado - no "post" Silêncios Reveladores - se questiona porque é que o essencial, as acusações de "actos pedofilia são sistematicamente ocultados nesta sucessão de fugas"?

Mar Sonoro 

"Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim."

Sophia de Mello Breyner in Dia do Mar



Há dias assim, em que o tempo passa indescriminado pela vertigem fugaz dos instantes. Trémulo, como um cí­rio, acendido com a fé dos homens. Escuro, porque prenhe de inquietações, muitas delas ainda por vir. Esférico, porque redundante. E... por vezes, encontramos um terno afago num queixume,... num ombro... feito prosa, feito verso... feito poema.
E há poemas assim...! Que nos toldam os sentidos para nos libertar a alma. Que são gritos mudos de esperança. Poemas que nos desvendam e em que nos surprendemos por nos vermos... nús!!! Que nos acalmam, porque nos identificam. Que revelam as palavras certas que nunca pensamos, que nunca realizamos, que nunca atingimos. Que estão para além, mas que nos são tangíveis, palpáveis até. Mas que ninguém sabe porquê, nem como... são o mistério que desvanece essa fria e cruel neblina que nos coa a luz de cada dia...!

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Novo Link 

De sua graça Prosas e Rosas. Estamos seguros que a "Maria" irá deliciar a blogosfera, brindando-nos com um feminino sexto sentido, que tanta falta faz cá por estas bandas.

Encontrado o Vencedor 


Dos oitos finalistas (já seleccionados dos 5.201 projectos apresentados) encontrados pelo júri do concurso para o Memorial das Vítimas do 11 de Setembro no World Trade Center (já referidos no Glosas), foi anunciado o vencedor. O projecto - Reflecting Absense - é constituído por dois espelhos de água, que são o recorte das torres, como, aliás, se pode ver pela imagem. O projecto é do arquitecto Michael Arad coadjuvado pela equipa do arquitecto paisagista Peter Walker.
Finalmente a cidade "that never sleeps" começa a acordar do pesadelo, renascendo das suas cinzas.

Quimeras 

Será que Portugal irá receber as Olimpíadas em 2016? Se desconfia venha aqui.

terça-feira, janeiro 06, 2004

Dia de Reis 


Adoração dos Reis Magos - Grão Vasco

Marte a três dimensões 


Ao centro da imagem, no lado esquerdo, pode ser visto uma pequena depressão no solo, dá pelo nome de "Sleepy Hollow". Os cientistas crêem que terá de diâmetro cerca de 10 metros e distará da sonda cerca de 10 a 20 metros, e presumem que seja uma cratera de impacto ou o resultado da erosão do vento. Para o efeito 3 D aconselha-se o uso dos respectivos óculos. Para saber mais clickaqui

Televisão a sério 


O novo canal, brinda-nos com excelentes séries. Quarta-feira é a vez de 24. Mas, por agora, detenhamo-nos sobre a já há muito esperada "Six feet under". Que, a julgar pelo primeiro capítulo, mantém, na íntegra, a pertinência da série anterior. A novidade que esta conhecida série nos traz e nos prende é um olhar coperniciano sobre a realidde que nos envolve. A vida vista na perspectiva da morte. A família na perspectiva paradoxal de um casal homossexual. São, essencialmente, estes dois vectores, que sendo ásperos, nos chocam, interpelam, e nos permitem um repensar de muitos pré-conceitos. Imperdível.

Novos Links 

Esta é a primeira leva dos Links que desde sempre já deveriam aqui constar, Aviz, Flor de Obsessão, Gato Fedorento, Glória Fácil, Grande Loja do Queijo Limiano.

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Indignação presidencial - aproveitamentos 

O comunicado do Presidente da República, às oito em ponto, era desnecessário. Veio, crispada e doutoralmente, dizer aquilo que todos nós pensamos. Esperemos que, pelo menos, valha o efeito profiláctico das suas inócuas declarações.
Concedemos, no entanto, que, na verdade, de alguma forma o seu nome foi tocado. Mas, contudo, a putativa defesa da sua honradez que quiz vir bradar para os telejornais, em directo, era algo que nunca, jamais,esteve em causa. Afinal falamos de cartas anónimas, e não há uma simples alma nesta terra à beira mar plantada, que acredite no seu conteúdo. Como, seguramente, o visado bem sabe. Aliás, tanto quanto saiba, António Vitorino, optou por um silêncio, de sensatez, de denodo e decoro até - era o que se impunha ao mais alto magistrado da nação.
Porém, há a registar, a bold a reacção do Partido Socialista. Todos os outros partidos demonstraram solidariedade para com o P.R., fazendo comunicados informais. Mas, o P.S., enviando um peso pesado, Vera Jardim, o porta-voz de serviço pós Casa Pia, não se limitou a solidariezar com a inquietude presidencial. Aproveitou, deliberada e conscientemente, o élan da intervenção em directo do P.R., e, fina e manifestamente, colou a ofensa do presidente à indignação do presidente do partido, Ferro Rodrigues. Como se da mesma coisa se tratasse. Veladamente, como se uma cabala houvesse. Ora, e mesmo reconhecendo que Ferro Rodrigues possa estar inocente, não se compreende como comparar uma denúncia de uma carta anónima irrelevante com uma denúncia com rosto - a de Ferro Rodrigues. Tal facto, só visa confundir os factores. E demonstra o desespero por parte de um partido que não descola do desenlace do Processo Casa Pia. Foi um aproveitamento pouco espontâneo - sublinhe-se - espúrio e injustificável.

Indizí­vel 


Aqui. A Sonda Spirit, aterrou em Marte. Estes são os factos que volvendo-se gerações serão, realmente, lembrados. Não só porque ultrapassam a espuma dos dias, como nos fascinam pelo desafio, pelo sonho, pelo Futuro. Com a chegada do Homem à Lua, uma nova Era se iniciou, aquela em que as aventuras não serão cumpridas em meses ou anos (como nos nossos Descobrimentos), mas cuja realização irá perdurar e conquistar-se ao longo de gerações. O tempo da vida humana é muito curto. Talvez o significado de Bem Comum, com a efectiva conquista do Espaço, faça a Humanidade abandonar a concha do Individualismo egocentrista em que vive. A odisseia espacial será só possível com um esforço hercúleo de um objectivo comum, que abrace, no seu desiderato, toda a Humanidade. A radicalidade do ser humano é a necessidade absoluta do próximo. A grandeza serôdia da escala planetária ofusca-nos a nossa infinita pequenez galáctica, e só esta nos redimensiona, verdadeiramente."Há mais estrelas no Universo do que grãos de areia em todas as praias da Terra" Carl Sagan.

domingo, janeiro 04, 2004

Silêncios reveladores 

São surpreendentes os últimos desenvolvimentos do "dossier" Casa Pia. Na verdade, vieram agora à baila 2 questões: a inclusão no inquérito de cartas anónimas que - tanto quanto se sabe - visam Jorge Sampaio e António Vitorino e o falado "endosso" do processo do Juiz titular do 5.º Juízo do T.I.C. de Lisboa, para o juiz Rui Teixeira. Ambos os affairssão tratados e apresentados com roupagens de 1.ª página, são veiculados como questões cruciais. Aliás, e pasme-se, até um dos founding fathers da nossa Constituição - Jorge Miranda - veio a terreiro insurgir-se contra a crise que neste momento afecta a Justiça nacional, e tomando como mote a questão das cartas anónimas.
Porém, convirá reavivarmos a memória para sabermos, até há uns dias, o que era considerado fundamental saber pela Defesa do processo, e que era atirado como nódoa sobre o sistema judicial: era, precisamente, o desconhecimento dos factos de que os arguidos eram acusados e as provas que os fundamentavam. Verberava-se contra o segredo de justiça, o "pai" de todos os inquinamentos judiciário-criminais. Afinal, mais cedo do que o esperado, eis que, a Acusação foi deduzida. Interminável, fazendo jus ao processo.
Estranhamos, desde cedo, que os factos constantes da Acusação não viessem a lume... primeiro atribuímos o sucedido à extensão dos autos... depois, passado uns dias, a um inusitado mas sempre bem vindo recato aconselhado pelo bom senso!!!Puro engano.
Com o surgimento das duas citadas questões, essa percepção mudou. Radicalmente. Afinal não só é noticiado um aspecto irrelevante, no que tange aos desfecho dos autos (porque é mesmo) - as cartas anónimas - como é revelado um pormenor "íntimo" do processo, no sentido de que só uma reflexão e um escrutínio exaustivo dos seus aspectos processuais o faria surgir, isto é, a não existência de sorteio para a atribuição do processo a um juiz. É assombroso que se venha falar de nomes como Chalana, Jaime Gama, Carlos Manuel, quando o silêncio impera sobre os factos que, alegadamente, os efectivamente arguidos praticaram. Facto que até se aplaudiria caso o paradoxo não tivesse tomado o lugar.
É absolutamente incompreensível o silêncio sobre o teor da Acusação. Como é que se lançam manchas sobre os autos, tentanto criar um anátema sobre os mesmos e, relativamente ao que irá ser público - a Acusação - não se refere uma linha? Realmente, tal facto não se compreende, principalmente por um argumento de maioria de razão. Aqui fica a interrogação que se impõe: a quem é que esta condução, milimetricamente sincronizada, de veiculação de informações, serve? Adiantamos, temerariamente, uma resposta: a arguidos que sejam, realmente, culpados.

Novo Link 

O Nortadas. Feito a várias mãos, há por lá quem tenha muito, mas muito, a dizer...!

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