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quarta-feira, março 31, 2004

TIMES 



Artigo sobre a realidade Israelo-palestiniana. Nomeadamente sobre o Hamas e o seu modus operandi. Fala um militante do Hamas responsável por vários assassinatos: "It's not a hobby to kill, you know," said Mohammed, which, of course, was not his real name. "When we attack, the voice of the Palestinians is heard. We are sending a message to say, 'We are here.' If we stop, no one will care about us." Mais adiante : "
As their skills improved, cell members began to map out more sophisticated attacks. They would mark a target — an Israeli tank, say — and reconnoiter its movements until they knew its daily routine. Then Mohammed would convene a brief, secret meeting in a mosque with a higher-ranking commander to present the plan and request necessary armaments. Mohammed would then leave a message in a dead drop for a bombmaking unit to supply the handmade remote-control explosives Mohammed's men would use. Once, Mohammed recalled, he planted a mine and stayed for three days in a nearby hideout, holding the firing fuse until the chosen tank came by and he blew it up. Mohammed was particularly proud of the killing of a settlement resident that took four months to plot, and required his team members to disguise themselves as Orthodox Jews. As ranking members died, Mohammed moved up to management. He took charge of a cell, planning broader tactics and approving operations inside the tightly guarded perimeters of the Gaza Strip. Mohammed told me he was prepared to fight indefinitely, "100 years, if need be.".
Mas o que é revelador é o carácter filantrópico do Hamas : "The movement has constructed a cradle-to-grave network that gently draws Palestinians into the Hamas fold. The group funds a vast range of bread-and-butter programs in education, family aid, orphan care and sports. It builds mosques, clinics and libraries. It runs an extensive distribution network for the needy. Just as important, the men of Hamas, from top to bottom, have won a reputation for scrupulous honesty. Dr. Ziad Abu Amr, an independent member of the Palestinian parliament, says that Hamas' image as "clean"--in contrast to the corrupt Authority — as well as its ability to "fill in the gaps left by the Authority's ineffectiveness," have won it considerable backing, even from many who do not share its extremist positions. "It's not just altruistic," he adds. "Hamas knows how to use this source of power to build a solid base of popular support.". Assim se vai explicando como germinam as sementes do ódio.




Estado Português versus Reino de Espanha 

O El Mundo noticia que Portugal interpôs uma acção judicial para reclamar o sino que pertenceu à caravela "Santa Maria", a responsável pelo avistamento das Índias Ocidentais, em 1492. O achamento do precioso sino, ocorreu ao largo da Figueira da Foz em 1994 por um tal de Roberto Mazzara, ao investigar os restos do Galeão "São Salvador" que aí se afunfou em 1555. A curiosidade reside em que é alegado que o tal Roberto, italiano de nacionalidade, terá oferecido a peça mas as autoridades nacionais contestaram a autenticidade da peça que as autoridades espanholas viriam a reconhecer como verdadeira.

terça-feira, março 30, 2004

A leitura das Eleições Francesas 

A esquerda rejubila. Chirac saiu humilhado das eleições regionais francesas. Primeiro Espanha, depois... França. Quem será o(a) senhor(a) que se segue? Acaso tais sinais serão evidências da mudança de um ciclo político? Muito provavelmente.
Porém, há um pequeno detalhe que não pode ser escamoteado. Aquando da retumbante e improvável vitória de Zapatero, a tribo dos escribas da esquerda afoitaram-se a justificá-la como o corolário das pretensas e mudas indignações civis ao apoio de Aznar e do PP à Administração W. Bush. E, concomitantemente, à sua participação na Guerra do Iraque.
Ora, das eleições francesas, onde a Chirac só restou a quase germânica província da Alsácia, o que se poderá retirar? Coerentemente, ao rol dos "bem pensantes", resta-lhes uma constatação: que, a contrario, os franceses não sufragaram a hostilização do Eliseu contra W. Bush e a Guerra do Iraque. E que, em ultima ratio, não concordaram com a quebra do eixo transatlântico protagonizada por Jacques Chirac. Ou seja, foi o veto ao recém editado - e contra-natura - eixo franco-alemão.
Contudo, sobre o assunto nem uma palavra, como se tal facto não relevasse. O que, provavelmente, até será verdade, pois o motivo de tal resultado foi eminentemente intestino, não o tendo afectado, de forma definitiva, qualquer questão de política externa.
Mas, se a França fosse Portugal, Reino Unido, Polónia, Austrália, E.U.A., ou qualquer outro país de alguma forma conotado com a guerra do Iraque ou com simpatias Americanas, a justificação é inelutável: referendou-se a participação no Iraque, a amizade com o Tio Sam. Todos os outros motivos são secundários. A cegueira dos argumentos é escandalosa e revela aquilo que denuncia, populismo, ao ser descaradamente interesseira.
Mas o alvo foi atingido. A partir de Espanha, uma coisa é certa, o anátema do sufrágio à guerra, está criado.

sábado, março 27, 2004

Porque corre Soares ??? 


Mário Soares desdobra-se numa roda viva de comentários e sucessivas intervenções. A última pérola com que nos brindou, e cuja justificação vai tentar esgrimir no Expresso de hoje, foi o diálogo com os terroristas. Nota-se, contudo, nestes últimos tempos, por parte do ex-Primeiro-Ministro, ex-Presidente da República e ex-Deputado Europeu, um afã inaudito, estando mesmo a tornar-se uma presença constante em tudo quanto é meio de comunicação. Na verdade, Mário Soares, até hoje, foi um político sempre no activo. A sua cátedra nunca foi do lado de fora, exercendo e gerindo uma oportuna magistratura de influência, tal como um Freitas do Amaral ou Cavaco Silva (pelo menos até agora). Depois do logro da ambição de ser Presidente do Parlamento Europeu, o que lhe resta? Ora, é aqui que reside o busílis da questão. Soares sente-se acossado pelo seu próprio espaço, que cada vez é mais exíguo. Nunca este "animal político" se sentirá confortável com um retiro ou um refúgio dourado. Quer luta, quer contradita, quer influência, quer, em última instância, poder. E sem uma cátedra formal que o entronize, não reconhece o seu território. Soares corre, corre, porque não sabe para onde ir. E...porque não se conforma em ser - o que já é muito - um "ex-tudo o que havia para ser".

A luz depois da cegueira  



José Saramago lança o seu último livro "Ensaio sobre a lucidez" e, tem-se multiplicado em diversas aparições públicas. Pelo que tem afirmado, cremos que, a sua última obra, tem como objectivo um certo proselitismo azedo da descrença no sistema democrático. Quer-nos confrontar com as nossas próprias limitações. Porém, uma pergunta se impõe: qual o seu paradigma de sociedade, inspirador e legitimador? A crer na sua candidatura como deputado ao Parlamento Europeu, nas listas do Partido Comunista mais retrógrado da Europa, dúvidas não restam de que se mantém fiel "ainda e sempre" à Ditadura do Proletariado. Triste luz esta que nos lança, provinda de uma pretensa e, se calhar, pretenciosa "lucidez" de um ensaio sobre o que não se aceita. É que o pior cego, é mesmo aquele que não quer ver.

quarta-feira, março 17, 2004

Novo Link 

Do sempre atento, A Formiga de Langton.

Para quem tenha dúvidas... 

Diz muita Esquerda por aí, sobretudo a Esquerda "rive gauche", que o "quadriunvirato" das lajes vai ser corrido à vassourada conforme se vá submetendo a escrutínio popular, como se se referendasse a guerra no Iraque ou a participação militar. Claro que a grande esperança/vingança residiria na derrota de G. W. Bush. Porém, desenganem-se, desde já, os mais incautos, pois John F. Kerry não pensa em abandonar o Iraque. Pelo contrário, aconselha o neófito primeiro-ministro espanhol a reconsiderar a sua deserção. Aqui.

terça-feira, março 16, 2004

Pertinente 

Pelo Mar Salgado , tive conhecimento desta notícia. A ser verdade, quem ganhou as eleições???

Detalhe 

Da toda a tragédia que foi o 11 de Março, ressalta o pormenor de o atentado não ter sido suicida. À partida, dir-se-ia que todo o atentado perpetrado por gente da Al-Qaeda, seria suicida. Não só por razões logísticas e por mera facilidade nos procedimentos, mas, principalmente, por as suas células serem um bando de fanáticos religiosos, cujo epíteto de fundamentalistas é um pueril eufemismo. De facto, a promessa do céu, da figura do mártir - falso - que se imola na sua morte e na dos seus semelhantes, parecia ser a impressão digital dos homens de Bin Laden. A provar-se que o atentado de Madrid é desta gente, tal facto implica uma mudança do próprio conceito tido como adquirido, referente à execrável organização.
Desde logo, demonstra que a possibilidade em arrebanhar suicidas não é assim tão simples. E que o "grito de liberdade" e o simbolismo, romântico e poderosíssimo, da justificação da morte dos outros pela entrega da própria vida, não é o meio único de actuação da rede. O que poderia levar, nomeadamente no mundo árabe, a uma tolerância destes actos hediondos contra o Ocidente e a vida dos seus cidadãos. A actuar da forma sórdida como actuaram - pior só mesmo o bombista suicida, pois revela o desrespeito, absoluto e supino, pelo bem vida - granjeam antipatias mesmo dentro do mundo árabe. Por outro lado, revela que há alguma desorganização na rede terrorista, pela procura dos chamados "soft targets". Ou seja, atacam não onde querem, mas onde podem.
Acresce que, uma coisa é atacar os E.U.A., outra coisa é atacar a Espanha, ou mesmo a Itália ou a Alemanha. A América, como única superpotência, é quem representa todos os males que achacam o mundo Islâmico. Um ataque a outros interesses que não os americanos, mesmo que o sejam de forma meramente instrumental, em nada contribui para a criação de uma tolerância à sua actuação. E esse seria um grande trunfo dos fundamentalistas. Por isso, do ataque à estação de Atocha, nem tudo é negro. Se calhar a Al-Qaeda, apesar de estar viva, não está de muito boa saúde.

Trauliteirismo irresponsável 

Ana Gomes não nos pára de surpreender. No seu post, no Causa Nossa, só fala nas pretensas lições que o povo espanhol terá dado à Direita. Perguntamos : e os terroristas... esses, não merecem lições??? Note-se o "lúcido e fino recorte" da afirmação de que os espanhóis votaram :"derrubando a mentira, a arrogância, o oportunismo de uma Direita que não aprendeu quase nada em 30 anos de democracia. De uma Direita megalómana, deslumbrada pela força ilusória da Administração Bush, incapaz de perceber que as orientações que a dominam não representam a América e estão condenadas a esboroar-se, depois de causar tremendos danos à Humanidade – atiçando o fanatismo e o terrorismo por todo o mundo, retrocedendo à lei da selva e abandonando a civilização em Guantanamo". Francamente, é uma verdadeira operação de branqueamento do Terrorismo. São frases destas que são o golpe de asa dos terroristas. Que os incitam e motivam a prosseguir a sua infame demanda. E permitem, até, a sua proto-justificação...!!!

segunda-feira, março 15, 2004

Eleições livres??? 

No rescaldo das eleições espanholas, já muita tinta correu por jornais, blogs, revistas e outros quejandos. Desde a vitória do Terrorismo, ao voto de protesto contra o maquievelismo na divulgação da informação sobre o 11 de Março, por parte do PP, ou o sufrágio da opção Bush quanto ao Iraque... muito tem sido aventado como sua justificação.
Dos factos retiramos, somente, que houve uma retumbante surpresa na vitória do PSOE - o que já é bastante. Ora, o resultado eleitoral além de inesperado por banda dos felizes visados - os "operários espanhóis", foi uma surpresa científica para a sociologia e estatística, que mais uma vez põe a nú a frágil fiabilidade e extrema contingência das sondagens.
Uma coisa é certa: não se podem dissociar os resultados eleitorais dos atentados!!! Até porque, para a Espanha, a consequência directa imediata, mais visível, da vitória do PSOE, é o regresso dos militares espanhóis do Iraque. Ora, em termos de leitura do sufrágio, tal facto é altamente revelador. Podemos resumir o pensamento do voto na esquerda : "voto na esquerda para haver paz/para evitar um novo 11 de Março/ para que os terroristas dêem tréguas", isto é puro medo. E tal facto é inescamoteável.
Ora, afectar o voto a um cutelo chamado Terrorismo, é enclausular a liberdade do voto numa chantagem, baixa e vil. Parece, pois, que esta liberdade está condicionada. E, assim, refém de um constrangimento: sair da Coligação versus mais atentados. Donde, tal retracção, assume contornos de um estado de autêntica coacção moral. O que faz com que não tenha havido verdadeira Liberdade nestas eleições. Não houve uma autodeterminação genuína do povo espanhol. Tal facto, assume-se como uma contingência conformadora intolerável. Se o voto - como última decisão e último reduto para legitimar o estado de direito - não for realizado em plena Liberdade, poderá funcionar como um elemento formal de legitimação do poder instituído, mas nunca fará dele, seguramente, um poder legítimo.

sexta-feira, março 12, 2004

Ter FÉ 



É o que resta. Depois de todo o mal, depois de toda a tragédia... a vigilía...!
Gente anónima...um país, o mundo enlutado... a DESTRUIÇÂO, o SOFRIMENTO, a DOR...!
E juncam-se as ruas de pequenas luzes... nas trevas....
Uma vela... uma centelha que brilha, na noite que veio cobrir de luto... os que, neste momento, sofrem ...!
Uma vela... que sussurra palavras de Fé para quem não sente o amanhã como uma promessa de alívio.
Uma vela... uma vida... frágil... que se apagou... para todo o sempre... mas que viverá, enquanto houver no mundo uma restia sua de Saudade.
Uma vela... um sinal... para não sucumbir.
Uma vela... última esperança... para não desistir, para derrubar fortalezas de ódio e rancor!!!
Para acreditar... que os sismos apocalípticos do mal... não perdurarão... jamais!!!
Uma vela... para calar os hinos entoados à morte...!
Uma vela... para ter FÉ... para VENCER!!!

quinta-feira, março 11, 2004

O rosto do Mal 



Incredulidade... simplesmente. Depois... a monstruosidade inexplicável provoca a náusea, o nojo, o horror. O que aconteceu, hoje, em Madrid, é execrável. Não pode haver definição para tamanha iniquidade. Tudo ultrapassa.
E tudo porquê? Porque esta mentalidade terrorista cultiva sementes de dor. Para, mais tarde, colher o sofrimento alheio e destilado em lágrimas de sangue. Sangue roubado a muitas vidas...!
A mentalidade terrorista espalha a cultura da morte. Não lhe interessa a defesa de um valor. Tudo são vãos pretextos. Para saciar o seu desejo, fremente, de destruição.
Actos como este, não podem ser vistos como actos terroristas. Tal designação é um eufemismo pueril. Tamanha "ode" à bestialidade mais canalha, só pode ser vista como uma declaração de guerra.

Porque...
São pais que morreram, mães, irmãos,... filhos...
São pessoas como tu...como eu...
Que há algumas horas, sonhavam voltar a casa...
E dar um abraço, um beijo...
Dizer: "Que dia!!! Estou exausto".
Mas, agora que um punhado de cães raivosos resolveu detonar algumas bombas,
Estão sós, frios,
Jazem inertes.
E há outros pais, mães, filhos, irmãos...
Que choram,
Que gritam,
Cujas lágrimas rolam na face,
Como a destilada poção da dor... e
Do amor, por quem já não volta...
Já não volta a sorrir.
E que a indignação da revolta persistirá em resgatar à morte!!!
Sempre. Sempre. Sempre.

Não. Não esqueceremos.



quarta-feira, março 10, 2004

Dos confins do Universo... e da alma! 





O telescópio Hubble, logrou alcançar o jamais visto: as inimagináveis imagens do Universo mais distante, logo após o Big Bang, ou seja, volvidos sobre o Génesis Universal cerca de 700 milhões de anos. Nas imagens é visível o que se crê que sejam as primeiras galáxias que surgiram.
É a "imagem" do Tempo para além do realizável, visto por humanos olhos que jamais alcançarão o testemunho do impossível. Do que transcende, em absoluto, e escapa à compreensão racional.
O Universo, de infinitamente infinito, recebe a nossa esperança de conhecimento com o sorriso sarcástico e mordaz da nossa arrogância infantil e ingénua de perceber o absoluto. Mas com a complacência do olhar do tutor que reconhece a sábia curiosidade do pupilo. Mesmo que inútil no seu fim imediato. Pois é na quimera, alfobre da inquietação de quem busca, que tudo se revela. Num grito pungente. Pela dor da inexorabilidade da existência, da radicalidade do ser. O intangível é o paradoxal catalisador do nosso pequeno mundo, das nossas pequenas existências. Somos motivados por aquilo que almejamos lograr, isto é, aquilo que em nenhum dia se poderá alcançar. Este é o móbil de chegar ao que nunca inventamos, pensamos ou previmos. A Humanidade vive feliz, mergulhada, que está, num oceano de ignorância, sobre as perguntas primordiais: de onde venho, para onde vou? Estas perplexidades basilares e primárias, são, sempre, o motor da busca do ser humano, por esse quid que é a razão da existência. Por isso, a consciência da falta de limites do Universo, é o motor da sua eterna demanda. Que nos fascina, nos ofusca... e nos revela a nossa verdadeira natureza.

terça-feira, março 09, 2004

Goya 



Também foram descobertos, escondidos sob a pintura do retrato da "Condesa de Chinchón", de Goya (cerca de 1800) dois outros retratos completos de José Alvarez de Toledo y Gonzaga, marquês de Villafranca, pintado em primeiro lugar e posteriormente de Manuel Godoy, marido da própria retratada e que foi o poderoso valido de Carlos IV. No retrato a "Condesa" tem 21 anos - três anos após o seu casamento - e está grávida da sua primeira filha, a infanta Carlota. Está sentada num cadeirão da época. Na sua cabeça, uma coroa de espigas simboliza a sua gravidez. Traz, também, consigo um anel de camafeu que parece ter o busto do seu marido. Não será original afirmá-lo mas a luz que ilumina a aristocrática e plácida figura, cria um especial efeito que nos remete para as últimas obras de Velazquez.

Descobertos 



A propósito da exposição "Desenhos italianos do séc. XVI nas colecções do Museu do Prado", Nicholas Turner e Paul Joanidis identificaram dois desenhos do mestre do Renascimento, Miguel Ângelo,que serviram de estudo de preparação para as cenas do "Juízo Final" na Capela Sistina. Aqui.

Santanisses 

Se calhar até é demagogia afirmá-lo, mas que os frutos não caiem longe da árvore... não. Veja-se aqui

Aqui ninguém manda 

No Público, Ana Drago, de quem tenho uma imagem simpática, fruto das conversas televisivas com Daniel Sampaio e Luís Osório, escreveu uma carta aberta ao PM. Antes a tivesse fechado. Bem lacrada.
Compreendo, profundamente, que a condição socio-cultural da mulher, mesmos nos dias que correm, é um exemplo, claro, de discriminação. Factor que em nada contribui para a existência de uma sociedade mais aberta e igual... mais democrática. Porém, o argumento central do seu discurso é, no mínimo, duvidoso. "Aqui mando eu" no meu ventre, ... diz Drago:"Não é este o meu corpo? Que democracia é esta que acha que a minha condição de mulher confere ao Estado tutela sobre o meu útero, que me reduz a mera incubadora?". Ora, o que está aqui em causa não é qualquer tipo de tutela sobre o útero, é sobre o que o útero contém e que, convenhamos, parece ser algo, infinitamente mais importante : uma nova vida. É pena que antes de afirmar o que diz não reconheça a benção da sua condição de ser mulher: transportar dentro de si o futuro!!! Ser a portadora de uma nova esperança, de uma nova geração. Aliás, essa sua importância, de deusa da prociração e fecundidade, explica que nas sociedade primitivas, vigorasse o matriarcado. Eram as mulheres que transportavam a esperança da renovação da vida.
Por outro lado, não é honesto que uma mulher não tenha consciência que dentro de si existe um ser. Só assim se compreende que o Estado queira tutelar o útero. Reduzir e simplificar a questão de uma gravidez, à simples opção de ter ou não ter porque sim ou porque não, é, pelo menos, intelectualmente desonesto. E é meio caminho percorrido para cairmos num relativismo absoluto, em que, quais Sofistas, o Homem se torna a medida de todas as coisas. Tudo se esbatendo nos critérios da subjectividade absoluta.
A consciência de que há um ser, que existe, que se está a formar, que é autónomo... é essencial para que a pertinente polémica do Aborto seja discutida com o mínimo de decência.

Cavaco Silva - O general fora do labirinto 



As hostes estão em pulvurosa. Sufocadas pela incerteza de um desígnio mais do que esperado. Cavaco, goste-se ou não, marca agenda mediática, deixando num estado de suspense levitativo, os políticos da nação. E muito bem. Antes de mais, e já aqui o referi, é um imperativo que comecem a surgir na política nacional, alguns nomes com algum "pedigree", para concederem estatuto e credibilidade à política nacional. E, por arrasto, às suas instituições. Um dos males diagnostiváveis, da degeneração da classe, é a multiplicação dos políticos do aparelho. É preciso sangue novo, e... sangue velho...de boa cepa!
Ora, é esta característica de "outsider" que irrita os estabelecidos, aqueles que pretendem fazer da vida política algo de previsível. Acaso haverá alguma obrigação - de qualquer índole que seja - por parte de Cavaco Silva em anunciar a sua candidatura? Ter-se-á, eventualmente, decidido? É bem possível que para ele não esteja tudo bem definido. Aqui, o desenlace da novela Santana Lopes, terá, seguramente, um papel a dizer. Bem como o posicionamente do CDS/PP, ou seja, Paulo Portas. Cavaco avançará se não houver contestação dentro da coligação. Se houver polémica, forte, manterá o que sempre disse. Por isso, cobrar-lhe o Tabu, que ele não impôs, nem colocou, é excessivo. Não haja dúvidas, uma coisa é vir dizer que se pode ser candidato, outra, é andarem a dizer que alguém poderá sê-lo. E badalarem, aos sete ventos, que é preciso que o visado esclareça aquilo que não afirmou e que os outros propolam e temem.

sábado, março 06, 2004

Perda  

O Universos Desfeitos resolveu deixar infinitamente mais pobre a blogosfera. Que, assim, se vê sem um dos seus universos mais-que-perfeitos.

Novos Links 

A trilogia Estrago da Nação, Reportagens Ambientais e Ambiente no Mundo. E ainda...o novo blog que nasceu com o mês de Março - será que tem a ver com o deus que deu nome ao mês ???- o Blasfémias, que assim une Mata-Mouros, Cataláxia e Cidadão Livre.

sexta-feira, março 05, 2004

O Aborto e a síndrome do arguido 

Depois de depois do aborto é que convém nele falar: para que não se esqueça. Pois, agora o assunto irá, certamente, hibernar.
Desde o início do debate público sobre o aborto que o diálogo esteve sempre inquinado. O levantamento da questão teve como único objectivo ser uma pedrada no charco na falta de imaginação e oportunidade da actual oposição portuguesa. O seu desiderato foi puramente político. E, como estamos num campo eminentemente pessoal, e profundamente ético, pode-se mesmo dizer que o uso espúrio do tema foi imoral.
Ora, nenhum tema pode ser debatido com elevação, se o seu móbil, não for, ele próprio, válido.
Porém, o tema é tão melindroso e presente que, mesmo a forma ilegítima com que foi colocado, estaria sempre justificada.
Os projectos de lei postos em cima da mesa reivindicavam a despenalização do aborto até à 12.ª semana de gestação (Bloco de Esquerda, Verdes e PCP) e até à 10.ª semana (P.S.). Antes de mais, convirá referir que até à 12.ª semana o feto, pois já não é embrião, está praticamente formado, e daí até à 40ª semana é só crescer. Portanto tem a aparência de um ser humano.
Resultou, do debate parlamentar, que os argumentos carreados pelos voluntariosos partidos proponentes da alteração legislativa, foram o Dt.º das mulheres à escolha de terem ou não um filho indesejado, quer por razões psicológicas ou económicas e sociais, e a incoerência daqueles deputados que pertencendo à maioria traíam a sua consciência ao votarem contra ou absterem-se nesta questão. Ora ambos as justificações são pertinentes. Mas infinitamente limitadas e pobres.
A pedra de toque em volta do aborto, tem sido colocada no dt.º de escolha da mulher, paradigmaticamente ilustrado com as palavras escritas no ventre de várias mulheres:"aqui mando eu". Dúvidas não há que situações dramáticas ocorrem diariamente, crê-se que se realizem cerca de 11.000 abortos anuais em Portugal. Famílias de parcos recursos, soçobrarão com a vinda de mais um elemento. Muitas jovens dilaceram a sua vida ao serem mães quando ainda mal largaram as bonecas. Outras morrem por recorrerem a pessoas de poucos escrúpulos que, sem qualquer pudor, realizam práticas abortivas ao arrepio de qualquer cuidado mínimo de segurança. Tudo isto é a mais pura e cruel verdade.
Mas há, igualmente, outra pura e cruel verdade. O embrião (até às oito semanas), mais tarde feto, é um ser. Não autónomo é certo, mas, ainda assim, um ser, já não uma mera possibilidade. Com sensibilidade. É uma vida que se está a formar. Irrepetível. E à qual não é dado o direito de escolher. O homem nasce, envelhece e morre, e durante a sua vida biológica, vai passando diversos estádios evolutivos. Um embrião é um ser humano no início da sua aventura existencial. Um zigoto é um amontoado de células estaminais e indiferenciadas, mas que só têm a virtualidade de se tornarem numa espécie única de ser.

Acresce que o nascimento não é o início da vida humana : acaso poderá um homem existir sem ser primeiro um mero blastocisto? Se o fim da vida é com a morte, o início não é seguramente com o nascimento ao fim de nove meses. Se assim fosse, porque não permitir o aborto até às 40 semanas de gestação? Constata-se, pois, que o limite das 12 ou 10 semanas, só pode ter uma justificação : limpeza e horror. Um feto com doze semanas, nem ocupa espaço, mas com 32 é um bebé feito.
De facto, a vida, biológicamente falando, acaba com a morte, mas começa quando? Com a fecundação. Ora se à fatalidade da morte não se lhe foge, porque fugir à fatalidade de uma vida que surgiu? Não será altamente prepotente e arrogante esta ânsia de controlar a existência? Este egoísmo do bem estar individual?
Aqui chegados, a grande dúvida que se coloca é, pois, harmonizar o direito a existir com o direito de uma mulher a escolher - aqui se incluindo todas as suas contingências quer psicológicas quer materiais, quer morais até. A verdadeira quadratura do círculo.
Do debate político que assistimos, a vacuidade em torno deste diálogo de princípios foi a nota. De facto, somente a deputada Odete Santos, levantou a questão do feto e dos seus direitos: honra lhe seja feita. Mais ninguém buliu em tal. Evidenciou-se até à náusea os direitos da mulheres e a incongruência dos deputados da maioria.
Mas tal comportamento não é de estranhar. O ser que se desenvolve dentro do corpo de uma mulher é facilmente esquecido. Como não fala, mata-se. Está grávida? Aspira-se o feto e acabou. O ser que deixou de o ser, já não constitui um problema. Aliás, esta constatação aplica-se muitas vezes noutros aspectos da vida. No caso Casa Pia, alguém ouve falar dos direitos das vítimas? Somos, constantemente, bombardeados com os direitos dos arguidos. Como se vêm, como se fazem ouvir, ficamos sensíveis aos seus argumentos. No caso do aborto é igual, o feto não se faz ouvir, não se vê, não se sente. É mais fácil ceder e reconhecer os argumentos daqueles que se manifestam do que daqueles que estão incógnitos, que não incomodam nem aborrecem. Que existem, por trás de um consciente mas diáfano alheamento.
Mas para além disto, tem-se sempre pena do arguido, bem lá no fundo. Há como que uma síndrome do arguido, tal qual a síndrome de Estocolmo, em que a vítima se apaixona pelo raptor. No aborto também há um rapto...! E deixámo-nos encantar por quem rapta... de alguma forma!
As opções têm de ser tomadas. E muitos são os casos ponderosos onde o recurso ao aborto não é inadmissível. Despenalizar o aborto, sem mais, coloca uma questão simbólica incontornável: é passar para os cidadãos o princípio do desrespeito pela vida. As leis não são somente espelho da sociedade. Não são um eco distante da moral e ética dominante, ou um depositário, último, de um sistema de valores. Como, aliás, uma visão unilateral da teoria da força normativa dos factos, pode fazer crer. Pelo contrário, as leis são um elemento conformador da sociedade. Servem para a condicionar. E, nesse sentido, o que nela está plasmado, tem uma alcance, que radica muito para além do plano simbólico - o que já não seria pouco. Despenalizar o aborto até às 12 ou 10 semanas, é passar para a sociedade, um sinal de liberalização do mesmo. Em última análise de alívio de consciência. O que, inexoravelmente, levará ao surgimento do risco, do seu uso como meio de planeamento familiar.
As escolhas têm de ser tomadas. Mas devê-lo-ão ser com uma total realização dos valores em causa. Escamotear ou consciencializar, eis a questão!!!


Óscares 



“And the Oscar goes to...” Senhor dos Anéis. Foi, de facto, o incontestável vencedor que derramou êxito aos molhos pela glamorosa passarela do “Kodak Theater”. Porém, há uma ideia assalta logo ao pensamento: venceu o “showbiz” americano. Mas, na verdade, tal epíteto não colhe, por injusto. A triologia do Senhor dos Anéis – depositária real dos galardões e não só o Regresso do rei – é uma visualização paradigmática do universo mítico de Tolkien. Na verdade, o filólogo, transportou para as suas histórias infantis – pois tudo começou por contar, à noitinha, histórias de encantar para os seus filhos – todo o universo imaginário europeu, ou mais especificamente, centro-europeu. Estudioso profundo das línguas antigas, bebeu da raiz de cada palavra, do seu étimo, do seu radical. E, como sabemos, a linguagem, a forma de comunicar formata a forma de pensar. Daí que lhe fosse muito mais simples conseguir intuir os arquétipos míticos da cultura ocidental-europeia, e transportá-los para os seus livros. De facto, as referências medievais são inúmeras, e evidentes, já que na Idade Média é que se funda o étimo cultural de uma Europa Cristã. Por outro lado a utilização, na obra, da invocação do tempo antes do tempo, ou seja, antes dos homens, é algo que nas nossas fábulas mais recônditas aparece com frequência, como por exemplo, quando as histórias começam por : “Quando os animais falavam...”. E no Senhor dos Anéis, são as próprias árvores que falam...! Aliás, coexistem, homens, “hobbits”, “elfos” – todos no limbo de um universo primordial e onírico, onde residem de forma quase pura, os pecados e as virtudes humanas...o bem por um lado e o mal, por outro, a luz e as trevas. A dualidade referenciadora do comportamento humano.
E, na verdade, é tudo isto que, magistralmente, é transportado de forma lúdica para o grande écran. Recriando lugares e personagens. Numa palavra, a adaptação cinematográfica é uma adaptação visual da obra homónima de Tolkien. Quase perfeita.

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