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sexta-feira, julho 30, 2004

"Só sei que nada sei" 



José Sócrates, na sua entrevista à revista "Única" da semana passada, esmera-se em respostas que denunciam a densidade e consistência do seu pensamento. Repare-se no fino recorte de algumas passagens: quanto à sua opção académica pela Engenharia afiança: "(...)como tinha boas notas a matemática o meu pai achou que seria uma boa solução(...)".
No que tange ao interesse pela política diz que surge porque "(...)o ambiente lá de casa era uma ambiente de "Seara Nova"(...)" porque "O meu pai também fazia parte de um grupo ligado aos profissionais liberais que tinha uma grande paixão pela ala liberal que se estava a firmar na Assembleia da República(...)" - a hipérbole é reveladora da falta total de noção sobre a temerária comparação que produz. É que não é um cidadão comum a falar, numa informal conversa de café, trata-se do putativo líder da oposição nacional...!
Aliás, é o próprio que considera a sua primeira viagem ao estrangeiro - uma ida a França para as vindimas - aos vinte anos, estavamos em 1978, como que "(...)Já significava uma grande abertura dos quadros liberais(...)". Que na altura assim tivesse achado... mas... agora...!
Aos 24 nos - 1982 - compra o primeiro carro, um Mercedes em segunda mão. Nada fruto do acaso: se ter ido à vindimas a França foi porque partiu à aventura inspirado em Sartre, já o Mercedes foi sugestão do livro Erich Maria Remarque "Um Verão em Lisboa". Sócrates usa e abusa de justificações pseudo-intelectualizantes, que parecem querer colmatar alguma falha...!
De resto, denuncia-se totalmente quando diz que era um cinéfilo "(...) Gostava muito de Fellini, cinema belga, inglês, magnífico...Lembram-se da Golpada? Fabuloso. Isso é que era cinema(...)". O que é que um filme de 1973, de George Roy Hill - 7 óscares, incluindo melhor filme e melhor realização- com Paul Newman e Robert Redforf, pode ter a ver com Fellini ou com cinema inglês...!!! E já agora o que tem a ver com a política e a arte, pois diz :"(...)Havia grandes discussões ideológicas sobre os filmes. Eu protestava contra a politização da arte. Tudo era política e eu protestava contra isso, tudo era explicado pela teoria marxista, até a vida sexual do porco espinho...(...)".
A profundidade argumentativa atinge o auge quando é confrontado com a diferença entre PS e PSD: "Fundamentalmente, o que distingue a esquerda da direita: a preocupação com o valor da igualdade, da promoção do valor da igualdade, que leva a várias escolhas. Não é mais escolhas apenas para aqueles que já têm muita escolha, como nós temos; é para aqueles que não as têm. A direita vê a hierarquia social como natural, a esquerda olha para as diferenças mas procura que todos tenham igualdade de oportunidades, igualdade de escolhas. "
Palavras para quê... se esta é a divisão fundamental entre esquerda e direita, então ou somos todos de esquerda, ou de direita...! É confrangedor!!! De facto, no final quando diz, à guiza de desabafo, "Sim, também sou um esteta" parece estar a confessar-se enquanto homem que se cativa pelas formas...olvidando os conteúdos.
Sócrates protagoniza um projecto de uma esquerda light, desprovida de conteúdo ideológico. Melhor fora que se afirmasse como aquilo que é, um homem de acção, do terreno, que age em função da "realpolitik". Sem tentar escamotear a sua falta de conteúdo ideológico com citações à medida.
Seria mais positivo para uma clarificação do próprio PS. Um partido à deriva, sempre refém e tributário de um passado marcadamente ideológico.
Sócrates não disfarça que lida mal com esse PS. Tanto está lá como poderia estar no PSD.
É nesse sentido que a candidatura de Manuel Alegre não pode deixar de ser saudada. Antes ter na oposição um bom adversário do que um falso amigo. Com Alegre sabemos com o que contamos. Coligações à Esquerda, mais estado, menos iniciativa privada, maior subsidiodependência, outro estilo de linguagem mais socializante, tudo se traduzindo, no fundo, numa definição das propostas eleitorais.
Sócrates conduz a uma descaracterização perniciosa, porque aquilo que se apresenta ao eleitorado não é um programa político... mas um rosto.

terça-feira, julho 27, 2004

O Programa do XVI Governo Constitucional 



O nóvel Executivo, já apresentou o ainda mais recente Programa de Governo. Aqui.

Jogos Olímpicos 

Aqui fica, via email, o site não oficial do Clube Fluvial Vilacondense. Um verdadeiro alfobre de campeões...: Adriano Niz vai estar nos Jogos Olímpicos, ao serviço da selecção nacional, na estafeta dos 4x200 metros livres.
Já agora a devida vénia para a excepcional participação do vilacondense José Azevedo que além da contribuição decisiva para mais uma vitória de Armstrong no Tour de França, consegue um formidável 5.º lugar na geral. Esta é a cepa da gente de VILA DO CONDE!!!

Repasto dos blogues vilacondenses 

Atrasado na notícia, mas o que importa é que aqui está. Alguns dos bloguistas vileiros reuniram-se para um parcimonioso jantar. Afinal, as teclas têm um rosto. E descobri os do João Paulo Menezes - embora a voz já fosse mais do que conhecida, olá TSF - e o do meu vizinho Miguel Torres. O Eduardo, esse já é um amigo de longa data.. com quem é sempre um renovado gosto estar. De tudo um pouco se falou...! Foi pena não estarem os demais bloguistas da terra mas para o ano haverá seguramente mais.
Aqui fica a acta do informal, mas efectivo, I ENCONTRO DE BLOGUES VILACONDENSE, doutamente redigida pelo escriba João Paulo, que depois de lida, foi assinada:
"Aos 25 de Julho de 04 juntaram-se - para jantar - na Feira Nacional de
Artesanato os seguintes bloguistas: Daniel Brás Marques ("Glosas"), Eduardo A.
Silva ("Lápis de Cor"), João Paulo Meneses ("Blogouve-se") e Miguel Torres
("Ouriço Cacheiro").

Todos os outros foram convidados, mas por esta ou por aquela razão não
compareceram. Em contrapartida, Mário Almeida esteve (na mesa ao lado...).

Do que é que se falou? De tudo. Até do Santana Lopes!

Todos prometeram continuar e juntarem-se daqui a um ano. Com a expectativa de
que o Six e os Dupondts estejam presentes...

A constatação de que há vários blogues do centro-direita suscitou uma
interrogação: por que não um do Largo dos Artistas? E já que se fala em
milagres, pede-se mais mulheres a escrever...

Longa vida aos blogues feitos em e/ou a partir de Vila do Conde!
"

sábado, julho 24, 2004

Carlos Paredes 



A guitarra. A emoção. As baladas. O fado. O virtuosismo. O génio. Em Carlos Paredes a Saudade assumia-se em fás sustenidos, em acordes que faziam vibrar a alma.
Nele se fundem os sentimentos mais genuínos da lusitaneidade. A sua guitarra sussurra-nos ao ouvido a saudade dos momentos que já foram, que são, dos que virão, e daqueles que jamais lograremos imaginar. Um imenso trinar de melancolia, que faz reverberar as cordas das lágrimas, para se soltarem num grito, sempre sufocado, de inquieta emoção. Agitação incontida, vinda já das "ondas do mar de Vigo"...!
Intérprete maior do ser português. Com cujas mãos o indizível se confessava ao coração de cada um de nós, operando nas dozes cordas da guitarra uma metamorfose de esperanças e angústias. Revelando a alma colectiva da nação.

quarta-feira, julho 21, 2004

Maratona 

Mas afinal Pheidippides, no ano 490 A.C, correu os 42 Km entre Maratona e Atenas, para avisar a victória de Atenas sobre as tropas persas de Dario, ou foi para informar que tropas persas vencidas se dirigiam para Atenas com o fito de a atacar!???
E, já agora, reza a História que o mesmo Pheidippides, foi o escolhido para correr 240 Km, para pedir ajuda a Esparta, cidade que recusou pois decorria uma época religiosa em que até à lua cheia - seis dias depois - Esparta não poderia entrar em guerra. E não morreu...!
Segundo investigações recentes, parece que foi o calor que matou o primogénito corredor da maratona, e não o cansaço dos quilómetros. Afinal, a data da referida batalha terá sido 12 de Agosto e não 12 de Setembro. Onde as temperaturas são muito mais elevadas.

terça-feira, julho 20, 2004

The Cure 



Os Cure estão de volta. Mesmo. Os velhos Cure, com as sonoridades mais herméticas, como se tivessem mergulhado de escafrandro nos idos 80's e emergido no séc. XXI. Porém, reciclados, sem perder a fidelidade ao seu projecto.
Robert Smith, dizem alguns críticos, parecerá um dinossauro, qual fóssil, vindo directamente do pós-punk. Contudo, a coerência da sua atitude, em termos artísticos, mais faz lembrar um "Eduardo mãos de tesoura", saído do filme homónimo de Tim Burton. As sonoridades continuam a reverberar nos ouvidos dos seus fãs. E a prova está aí, um concerto memorável em Vilar de Mouros - que o Glosas, desgraçadamente, não assistiu. Albuns como "Killing an Arab", "Three Imaginary Boys", "Boys Don't Cry", "Faith" ou mesmo o mais "mainstream" "Kiss me, Kiss me, Kiss me" descrevem por si o discurso da banda e foram saciando os seus indefectíveis fãs. Já com "Desintegration" - o nome é elucidativo - os Cure buscaram outras sonoridades, talvez mais sofisticadas, mas menos genuínas.
Este novo album revela um "aggiornamento" vitalizante e salutar que agrada aos "amigos de Alex" ao evocar ambientes acústicos por onde já haviam passado.

Há 35 anos... 





quinta-feira, julho 15, 2004

Stephan Hawking 




A revista New Scientist, traz uma novidade: Stephan Hawking, conseguiu - pelo menos é noticiado - resolver a quadratura do círculo. Isto é, afirma ter resolvido o denominado "paradoxo da informção". Na verdade Hawking defendia que toda a matéria que fosse atraída por um buraco negro, seria destruída, num buraco sem fundo, e transformada em energia -"a radiação Hawking" - que se libertaria. E, tal energia, não transportaria qualquer informação sobre a matéria no interior do buraco negro. Porém tal conclusão esbarrava com o facto de, pela física quântica, tal não ser possível, uma vez que essa radiação contém informação sobre a matéria no interior do buraco.
Tal facto é o que Hawking se propõe a explicar.

quarta-feira, julho 14, 2004

Para Ouguela 

O Glosas recebeu um simpático email do Prof. António Mendes em nome dos seus alunos: Elizabete, Fátima, Luís, Tom e Eduardo. Pertencem à EB1 de Ouguela, e estão a desenvolver um projecto que vai muito para além dos muros da escola e pretende agregar toda a comunidade. Parte desse projecto passa pela manutenção de um bonito e interessante blog, o Ouguela com Vida. A visitar já.
Parabéns pela iniciativa e empenho. Já têm mais um fã: o Glosas!!! E, claro, mais um link!

sábado, julho 10, 2004

A notícia: a demissão 

De Ferro Rodrigues. Desistiu sem mérito e sem alma... sem glória. É absolutamente injustificável a "derrota pessoal e política"... será que reclamava um favor do Presidente da República!!! Mais parece um amuo. Ferro Rodrigues não deveria sair por reacção aos actos de terceiro - neste caso de Sampio - mas resistir ou abandonar pelo próprio pé e voluntariosa iniciativa.
Isto para não falar da anedota de serviço protagonizada pela sempre inimitável Ana Gomes: "a direita já tem uma maioria, um governo, um presidente".
Enfim, fica a ganhar o país, que, seguramente, deixará de ter uma oposição baça, diletante e tíbia.

sexta-feira, julho 09, 2004

O discurso... 

Via Bloguitica, estão aqui as palavras decisivas proferidas pelo Sr. Presidente da República.
Sampaio demonstrou coragem e foi fiel à sua consciência e ao lugar que ocupa. A sua postura não pode merecer reparo: "Ouvi todas as opiniões.Todos entenderão, porém, que preze a coerência com a minha interpretação dos poderes presidenciais e a preservação do estatuto de Presidente da República como Presidente de todos os Portugueses." . Teve presente o seu lugar na História, o efeito jurisprudencial e emblemático do seu acto.
Todavia, quanto ao efectivo alcance do seu acto para o país... aí, ainda é muito cedo para tecer qualquer comentário. A decisão está tomada: sã e escorreitamente. Aguardemos os tempos que se avizinham...!

E agora... 

"Alea jacta est".

O vício 

O vício, húmus original da demagogia, que inquina qualquer sistema democrático é : ter que ganhar eleições!!!

"U turn" 



Não é o filme de Oliver Stone... é o nosso país ... que nem sequer tem uma oposição que ofereça uma centelha de esperança!!!

quarta-feira, julho 07, 2004

Rapariga sentada ao virginal - Johannes Vermeer (1632–75) 




Com apenas 25 por 20 centímetros, foi o último quadro a ser atribuído ao grande mestre flamengo do séc. XVII. Foia leilão e arrematado por cerca de 25 milhões de euros.
Apesar de só na década passada as dúvidas, quanto à sua autoria, terem sido dissipadas, é considerado um quadro menor do celebérrimo pintor. Terá sido pintado já no fim da breve vida de Vermeer - cerca de 43 anos - numa época em que as dificuldades económicas batiam à sua porta - tinha 11 filhos. No entanto, está tudo lá. O tratamento fotográfico da luz. A eternizção de cenas da vida quotidiana, tornando os retratados em personagens maiores. A calidez, a suavidade, a cândida frieza que a luz transmite, imprime um ar diáfano de eternidade seráfica. Quase atinge um ambiente onírico retirado do impossível: as cenas do dia-a-dia. Vermeer é o mestre da luz que se palpa, que se toca, que nos interpela.

A decisão presidencial 

Este artigo é deveras pertinente. Criou já ondas pela blogosfera, tendo despertado a atenção do Prof. Vital Moreira. Claro, conciso, verdadeiro, vem recolocar a questão da dissolução ou não do Parlamento, sob o ponto de vista jurídico-constitucional. Ou seja, no seu lugar próprio, e, assim, depurado da sua vertente, eminentemente, política. Aí se dizem verdades como punhos: não podemos deixar de concordar que a perspectiva de considerar um novo Governo como ilegítimo, por via da renovação do chefe do executivo, acarreta uma indesmentível fulanização do cargo de Primeiro Ministro. O que traria consigo, qual anátema, um cesarismo populista em último grau.
Todos os argumentos aí aduzidos são de obrigatória adesão.
No entanto, o problema que se enfrenta não se pode reconduzir, unicamente, à importantíssima e decisiva integração jurídico-constitucional. Jorge Sampaio tem pela frente uma decisão híbrida, em que a par da percepção dos equilíbrios institucionais, relevam as considerações de índole política e social. Na verdade, determinante, também são as consequências ao nível da percepção da sociedade em geral do funcionamento dos órgãos do regime democrático. A que acresce, a leitura do Presidente da República às reacções da sociedade civil com a indigitação do novo executivo. E estas são circunstâncias que, apesar de serem conjunturais, são inolvidáveis. Aliás, por aqui passa boa parte da decisão a tomar.
De facto, a dúvida metódica que Sampaio se colocará, é: qual o mal menor, dissolver a Assembleia ou acolher o novo Governo?
Há que assumir que o nome de Pedro Santana Lopes - por muito que se escamoteie a questão "ad hominem" - é fracturante. Mesmo dentro do seu espaço político, não reúne consenso. São diversas as vozes que se levantam e muitas são as que não se manisfestam. Desde Pacheco Pereira, a Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite, Miguel Veiga, Teresa Patrício Gouveia. Todavia, o P.S.D., insistiu em empossá-lo Primeiro Ministro. Fez ouvidos de mercador.
A solução sábia passaria por indicar alguém mais consensual.
Sampaio tem de ponderar por um lado: um possível futuro Governo, já ferido na sua legitimidade política, que não oferece um consenso alargado, mesmo dentro da força política que o sustenta. A que se soma o clima de crispação e inquietude que, por arrasto, contagia a sociedade civil. Sem esquecer o lastro corrosivo que concede a todos os que atacam o regime, acusando-o de degenerescência, pois em política exige-se o mesmo que à mulher de César, não basta sê-lo, é preciso parecê-lo.
E por outro: a manutenção de um Governo novo, sem interrupção da legislatura, com todas as vantagens que daí decorrem.
Infelizmente, à míngua da sageza e do bom senso que devia ter presidido na substituição do Primeiro Ministro cessante, a solução - com a margem de discricionariedade que a Constituição atribui a Jorge Sampaio - deverá mesmo ser eleições.

segunda-feira, julho 05, 2004

Atrasados 

Os Parabéns ao 1.º aniversário do Bloguítica. Pela perspicácia, pela pertinência, pela oportunidade, pela frontalidade, pela originalidade e cuidado das suas opiniões, sempre genuínas.

O contrato entre eleitores e eleitos 

Foi Jean Jacques Rosseau quem veio designar por "Contrato Social", aquele "quid" em que os cidadãos condicionam a sua liberdade em troca do bem comum, e, em ultima ratio, que justifica a ligação do povo e dos seus governantes e representantes. É este espírito de pacto, que é, mutatis mutandis, o que, de facto, sucede numa democracia como a nossa, a chamada "democracia de partidos". Os eleitores elegem os seus representantes mediante a apresentação do chamado programa eleitoral ou de governo, que assim é sufragado, daqui saindo a composição do órgão legislativo nacional, a Assembleia da República. Estando a organização desses representantes a cargo dos partidos políticos.
Ora, eis que aqui chegados, na situação actual, estamos sem Primeiro-Ministro. Tal facto acarreta a queda do Governo. Porém, a legislatura mantém-se, pois, o objecto do sufrágio não é o executivo - só indirectamente - mas o depositário do poder legislativo, o parlamento.
Portanto, o "contrato social" mantém-se, de pedra e cal.
Mas se é um contrato, há cláusulas que lhe subjazem. Há que curar de saber do seu cumprimento. Uma das cláusulas é o cumprimento do programa legislativo apresentado. Se o desvirtuamento ao acordado é tal, que põe em causa o interesse nacional, tal facto é uma violação flagrante do contrato assinado com um X no boletim de voto.
Outra das cláusulas essenciais é a eleição de um Primeiro-Ministro. Os restantes elementos do executivo são importantes mas não são determinantes. A saída, em definitivo, do "primus inter pares" não arrasta, fatalmente, a dissolução do contrato. Mas pode acarretar. Na circunstância de substituição por alguém do mesmo executivo, ou de alguém próximo ao Primeiro-Ministro, ou pelo seu vice de facto, quando não designado, parece que não importam um incumprimento do contrato. O justo equilíbrio entre as reais expectativas dos eleitores e o programa governativo apresentado - os termos do contrato - não sofre grande alteração.
Todavia, se o substituto não pertencia ao governo, não estava com ele relacionado, era um outsider à estrutura governativa, nem, sequer, o seu nome constaria no rol ministeriáveis, tal facto é, por maioria de razão, uma flagrante violação do contrato eleitoral. Por alteração substancial das circunstâncias de facto, em que os eleitores exerceram o seu direito de voto. Não é um golpe de estado: é um golpe de governo!!!
E tal facto, acarretará, a sua queda e a queda da legislatura que lhe subjaza.
É o que sucede com a actual indigitação, por decreto, do presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, para o cargo de Primeiro-Ministro. Quem há 10 dias atrás imaginaria semelhante facto: ninguém!!! Inclusive, o próprio visado!!!
Ao que acresce a violação do contrato que foi por si celebrado com os eleitores da capital: mas isto é o menos!
Ninguém votou nele, nem sequer pensou no nome dele para tal.
Donde, mais do que o conteúdo do tal acordo, é todo o seu espírito que é estripado.
Daí que, a solução menos violadora do contrato celebrado pelo eleitorado é a nomeação de um dos "inter pares" para ser "primus". Aqui a solução é criticável mas, enfim, legítima.
Qualquer outra solução é puro ilusionismo estatutário-legal.
Contudo, não é este o dano mais pernicioso de um Primeiro-Ministro de galinheiro. É o efeito exemplar, é o entendimento do funcionamento das instituições democráticas, é o uso maniqueísta e espúrio dos normativos constitucionais, para assim os violar. E isto tem um nome: fraude à lei!!! Quando se fala em crise de regime democrático é disto que falamos: o desvirtuamento das regras do estado de direito. Pois a aplicação positivistica - não positivista, desculpe-se o neologismo - acarreta as suas mais pertinentes e vis violações.
Se o P.S.D. não conseguir outra solução o que ficará no ar é uma atmosfera bafienta, densa e irrespirável, porque nomear Pedro Santana Lopes não sei se é um grande favor ao país: ao partido é, DE CERTEZA!!!


NON 

"Terrível palavra é NON"!!! Pois... o fado...enfim!!! Se bem que a Selecção está é mesmo de Parabéns!!!
Esperemos que o estado de letargia e alienação colectiva do Euro não traga alguns dissabores???


sábado, julho 03, 2004

Sophia 1919-2004 





Com Sophia aprendi a cor das palavras. Descobri o perfume das rimas e o gosto das frases. Ouvi o som, o marulhar dos versos.
Em Sophia tudo se decifra. Desmonta a realidade das fórmulas, das certezas, da razão, para lhe dar o sentido da alma. Superior.
À pergunta: "Que ouves lá em cima, pérolas, ouro? Ouço as linhas que unem as estrelas" (Pedro Ludgero in "O fim não é o fim"). Sophia tece em palavras, as próprias linhas que unem as estrelas. Decifra o espaço e o tempo, descodifica o genoma do espírito, desvendando Adamastores. Como? Porque ensina-nos a olhar o sol, a lua, o mar, as árvores, a terra, o vento: "Pelo gesto de dobrar o pescoço e de sacudir as crinas, as quatro fileiras de ondas, correndo para a praia, lembram fileiras brancas de cavalos que no contínuo avançar contam e medem o seu arfar interior de tempestade. O tombar da rebentação povoa o espaço de exultação e clamor. No subir e descer a vaga, o universo ordena o seu tumulto e o seu sorriso e, ao longo das areias luzidias,maresias e brumas sobem como um incenso de celebração. E tudo parece intacto e total como se ali fosse o lugar que preserva em si a força nua do primeiro dia criado" ( Sophia de Mello Breyner, A Casa do Mar, in Histórias da Terra e do Mar).
Sem ufanidades fátuas oferece-nos a palavra, simplesmente, de uma forma clássica e depurada, sem os fervores dos violadores dos cânones estabelecidos mas sempre naturalmente subversiva. Sophia disse:
"O poeta é igual ao jardim das estátuas
Ao perfume do Verão que se perde no vento
Veio sem que os outros nunca o vissem
E as suas palavras devoraram o tempo"
(O Poeta, in No Tempo Dividido)
Aqui denunciou-se.
Sophia é "água pura, fruta agreste"(Pedro Homem de Mello, "Povo que lavas no rio"), é livre como a torga e a urze do monte e caprichosa como um "bonsai". É como uma Morgana que dissipa a bruma dos dias para nos revelar a verdadeira Avalon, e nos oferecer, num colo de pétalas, as essências últimas. Esta é a "sophia" de Sophia.

quinta-feira, julho 01, 2004

Cassini-Huygens  

A missão Cassini-Huygens é um desafio e a consagração do génio humano. A sonda Huygens irá "aterrar" na lua Titã, onde a temperatura deverá ser de -180ºC. É a primeira vez que um engenho humano tocará no solo de um satélite pertencente a outro planeta do sistema solar.




Penhorado 

É assim que o Glosas se sente, e profundamente reconhecido, pela honrosa referência que a Charlotte do Bomba Inteligente, efectuou.
O Glosas há muito que tem profunda admiração pela cultura e brilhantismo de um dos melhores blogues nacionais - literalmente. Obrigado!!!

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